Um dos objetivos principais do hedge (de hedgear uma posição) é garantir a previsibilidade de um fluxo de caixa, ou seja, eliminar a incerteza. Neste sentido, é necessário obter um entendimento básico sobre o que é risco e incerteza.
Primeiramente é necessário distinguir o que é risco e incerteza e os efeitos da tomada de decisão. Incerteza é algo que não é mensurável e risco é algo que pode ser mensurado por alguma medida estatística (geralmente é utilizado o desvio padrão). A incerteza pode ser eliminada através da tomada de decisão com, por exemplo, a utilização de instrumentos financeiros derivativos. Imagine uma empresa brasileira exportadora que vende US$ 1 bilhão (valor a ser recebido em 30 dias) e que todos os seus insumos e mão-de-obra são locais e pagos em reais (R$). Esta empresa tem risco de oscilação cambial referente a esta venda para o mercado externo. A cotação do dólar tanto pode subir quanto pode cair. Para garantir a previsibilidade de seu fluxo de caixa proveniente da receita com a venda de US$ 1 bilhão (imagine que não há possibilidade de inadimplência), a empresa vende um contrato futuro de US$ 1 bilhão, com mesma data de vencimento do recebimento da venda, por R$ 2,00 / US$. Independentemente da cotação do dólar está acima ou abaixo de R$ 2,00 / US$, a empresa receberá R$ 2 bilhões. Tal fato garantiu a previsibilidade do fluxo de caixa, ou seja, eliminou a incerteza, entretanto não eliminou o risco. Este tipo de operação é chamado de hedge. Suponha que o dólar (US$) estivesse valendo R$ 2,10 / US$ no vencimento. A empresa deixaria de obter uma receita de R$ 2,1 bilhões para obter uma receita de R$ 2 bilhões com o contrato futuro. Desta forma, a empresa tem o risco de deixar de ganhar R$ 100 milhões, no entanto, a empresa receberá os R$ 2 bilhões, o que eliminou a incerteza. Outro aspecto a ser observado é que a ausência de tomada de decisão é uma tomada de decisão. Imagine que a empresa não tivesse tomado a decisão de contratar o contrato futuro. Supondo que a cotação do dólar (US$) seguisse a tendência natural atual – caso não houvesse intervenção estatal – e caísse para R$ 1,80 / US$. A empresa incorreria em uma perda de R$ 200 milhões. Neste caso, sem a contratação do contrato futuro – sem hedge –, a empresa não eliminaria a incerteza e continuaria com o risco de perda devido a variação cambial.
Em suma, observa-se que é possível eliminar a incerteza com o uso de instrumentos financeiros derivativos, ou seja, hedgeando uma posição. Entretanto, o risco não pode ser eliminado. O risco pode sim é ser mitigado, reduzido. Da estatística temos que a probabilidade de um ponto em uma distribuição contínua é zero, isto implica que, como o risco é uma medida estatística contínua, não é possível eliminar o risco.
Como falou Walter Wriston, CEO do Citibank de 1967 a 1984: “tudo na vida é administração de riscos, não a sua eliminação”.
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