segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Uma breve análise sobre Fraude - 2014 Report ACFE

A edição de 2014 do “Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse”, da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), baseia-se em 1.483 casos de fraude ocupacional, conforme relatado por Examinadores de Fraude Certificados (Certified Fraud Examiners – CFE), que investigaram os referidos casos. A análise destes casos fornece lições valiosas sobre como a fraude é cometida, como ela é detectada e como as organizações podem reduzir sua vulnerabilidade a esse risco.

Os participantes da pesquisa estimaram que uma organização típica perde aproximadamente 5% de suas receitas anuais devido a fraude. Se aplicado o PIB mundial estimado de 2013, a perda potencial projetada devido a fraudes em termos globais alcançaria cerca de US$ 3,7 trilhões.

A perda média causada por fraudes segundo o relatório foi de US$ 145.000. Além disso, 22% dos casos envolvem perdas de, pelo menos, US$ 1 milhão.

O tempo médio para detecção dos casos de fraude relatados foi de 18 meses.

Fraudes ocupacionais podem ser classificadas em três categorias principais: apropriações indébitas de ativos (asset misappropriations ou desvios de ativos), corrupção e fraude de demonstrações financeiras. Destes, desvios de ativos são o mais comum, ocorrendo em 85% dos casos, segundo o relatório, bem como é o tipo menos dispendioso, causando uma perda média de US$ 130.000. Em contraste, apenas 9% dos casos envolveram fraude de demonstrações financeiras, mas esses casos tiveram o maior impacto financeiro, com uma perda média de US$ 1 milhão. Esquemas de corrupção situa-se no meio tanto em termos de frequência (37% dos casos) como em perda média (US$ 200.000).

Muitos casos envolvem mais de uma categoria de fraude ocupacional. Aproximadamente 30% dos casos de fraude ocupacional identificados no estudo incluiu duas ou mais das três principais categorias.

“Dicas” são consistentemente e de longe o método de detecção mais comum. Mais de 40% de todos os casos foram detectados por uma dica/denúncia – mais do que duas vezes a taxa de qualquer outro método de detecção. Os funcionários responderam por quase metade de todas as dicas que levaram à descoberta de fraudes.

Organizações com linhas diretas (hotline) para detecção de fraudes são muito mais propensas a pegar fraude por uma dica, sendo a maneira mais eficaz de detectar fraude. Estas organizações também observaram que tal canal de comunicação era 41% menos caro e que detectaram fraudes 50% mais rapidamente.

Organizações menores tendem a sofrer desproporcionalmente grandes perdas devido a fraude ocupacional. Além disso, os riscos de fraude específicos enfrentados por pequenas empresas diferem daqueles enfrentados por grandes organizações. Neste sentido, determinadas categorias de fraude são muito mais proeminentes em pequenas entidades do que em suas contrapartes maiores.

Bancos e serviços financeiros, governo e administração pública e indústrias de transformação continuam a ter o maior número de casos notificados, segundo o relatório, enquanto as indústrias de mineração, setor imobiliário, petróleo e gás tiveram as maiores perdas média relatadas.

A presença de controles antifraude está associada a redução de perdas com fraude e com a duração mais curta da fraude. Esquemas de fraude que ocorreram em organizações vítimas de fraude que tinham implementado algum dos vários controles comuns de combate à fraude foram significativamente menos caro e foram detectados muito mais rapidamente do que as fraudes em organizações que não possuem estes controles.

Quanto maior o nível de autoridade do fraudador, maiores perdas referentes a fraude tendem a ocorrer. Proprietários e executivos representaram apenas 19% de todos os casos, mas eles causaram um prejuízo médio de US$ 500.000. Os funcionários, por outro lado, foram responsáveis por 42% das fraudes ocupacionais, mas provocaram uma perda média de “modestos” US$ 75.000. A média gerência cometeu 36% das fraudes com uma perda média de US$ 130.000.

Conluio ajuda os funcionários a escaparem de controles independentes e outros controles antifraude, permitindo-lhes roubar montantes maiores. A perda média referente a uma fraude cometida por uma única pessoa foi de US$ 80.000, mas quando o número de fraudadores aumentou, as perdas aumentaram drasticamente. Nos casos com dois autores a perda média foi de US$ 200.000, por três autores US$ 355.000 e quando quatro ou mais autores foram envolvidos a perda média ultrapassou US$ 500.000.

Cerca de 77% das fraudes foram cometidas por pessoas que trabalham em um dos sete departamentos: contabilidade, operações, vendas, executivo e alta gerência, serviço ao cliente, compras e finanças.

É preciso tempo e esforço para recuperar o dinheiro roubado por criminosos e muitas organizações dificilmente serão capazes de recuperar a integralidade dos recursos subtraídos. No momento da pesquisa, 58% das organizações vítimas de fraude não tinham recuperado qualquer montante de suas perdas devido à fraude e apenas 14% tinham conseguido a recuperação completa dos recursos.

Fraude ocupacional é um problema universal para as empresas ao redor do mundo. Apesar de algumas leves variações regionais, foi observado que os métodos utilizados por fraudadores para cometer seus crimes e por organizações para prevenir e detectar esquemas de fraude são bastante similares e consistentes em termos globais, tanto através dos países/regiões como ao longo do tempo. Essa consistência ressalta a natureza e abrangência da ameaça de fraude a todas as organizações.

As fraudes de duração mais longas causam mais danos financeiros. Os métodos passivos de detecção (confissão, notificação pela aplicação da lei, auditoria externa e por acidente) tendem a demorar mais tempo para trazer a fraude à atenção da gestão, o que possibilita que a perda relacionada a fraude cresça. Já as medidas de detecção proativas – como linhas diretas (hotlines), procedimentos de revisão pela gestão, auditorias internas e mecanismos de monitoramento de empregados – são vitais na rápida identificação de fraudes e na limitação de perdas.

As pequenas empresas vítimas de fraude são desproporcionalmente e notavelmente sub-protegidas por controles antifraude, uma combinação que as torna significativamente vulneráveis a esta ameaça. Embora os recursos disponíveis para medidas de prevenção e detecção de fraudes sejam limitados em muitas pequenas empresas, vários controles antifraude – como uma política antifraude, procedimentos formais de revisão pela gerência e treinamento antifraude para os membros da equipe – podem ser implementados com pouco desembolso financeiro direto e, assim, proporcionar um investimento rentável para proteger estas organizações de possíveis fraudes.

Auditorias externas são implementadas por um grande número de organizações, mas elas estão entre os controles menos eficazes na luta contra a fraude ocupacional. Auditoria externa foi o método de detecção primário em apenas 3% dos casos de fraude reportados na pesquisa, em comparação com 7% dos casos que foram detectados por acidente. Além disso, embora o uso de auditorias independentes de demonstrações financeiras ter sido associado com a redução de perdas médias e menor duração de esquemas de fraude, estas reduções estavam entre as menores dentre todos os controles antifraude analisados no estudo. Consequentemente, embora auditorias independentes sejam vitais na governança organizacional, os dados da pesquisa indicam que a auditoria externa não deve ser tida como um mecanismo antifraude primário (e/ou único) das organizações.

Muitos dos controles antifraude mais eficazes estão sendo negligenciados por uma parcela significativa das organizações. Por exemplo, o monitoramento e análise de dados de forma proativa foi utilizado por apenas 35% das organizações vítimas de fraude, segundo o estudo, mas a presença desse controle foi correlacionada com as fraudes que eram 60% menos onerosas e 50% de duração mais curta. Outros controles menos comuns – incluindo auditorias surpresa, um departamento ou equipe dedicados a fraude e avaliações formais de risco de fraude – mostraram associações similares com reduções em uma ou ambas destas medidas de danos devido a fraude. Ao determinar como investir recursos no combate à fraude, a administração deve considerar a eficácia observada das atividades de controle específicas e como esses controles irão reforçar a percepção de detecção de potenciais fraudadores.

A grande maioria dos profissionais fraudadores são réus primários; apenas 5% já haviam sido condenados por um crime relacionado a fraude antes de cometer os crimes, segundo o estudo. Além disso, 82% dos fraudadores nunca haviam sido punidos ou demitidos por um empregador, por conduta relacionada a fraude. Enquanto a verificação de antecedentes pode ser útil na seleção de alguns maus candidatos, talvez não possa fazer um bom trabalho de previsão do comportamento fraudulento. A maioria dos fraudadores trabalham para seus empregadores por anos antes de começarem a infringir, por isso o monitoramento do empregado, a compreensão dos fatores de risco e sinais de alerta de fraude são uma forma muito mais robusta para identificação de fraudes que uma triagem pré-contratação.

A maioria dos profissionais fraudadores apresentam certos traços comportamentais que podem ser sinais de alerta de seus crimes, tais como viver além de seus meios ou ter associações não usuais com fornecedores ou clientes. Em 92% dos casos analisados pelo menos uma bandeira vermelha (fator de risco) comportamental comum foi identificada antes da detecção da fraude. Administradores, empregados, auditores e outros devem ser treinados para reconhecer estes sinais de alerta que, quando combinado com outros fatores, podem indicar possíveis fraudes.


Informações adicionais podem ser encontradas em http://www.acfe.com/rttn-download-2014.aspx


OBS: Este relatório ainda não contemplava informações sobre a operação Lava Jato. Adicionalmente, como a maioria dos Examinadores de Fraude Certificados (Certified Fraud Examiners – CFE) atuam nos Estados Unidos, os dados das demais regiões podem estar subestimados.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Código de Ética e Padrões de Conduta Profissional do Analista Financeiro e Profissionais de Investimentos segundo o CFA Institute

PREÂMBULO

O Código de Ética e Padrões de Conduta Profissional do CFA Institute é fundamental para os valores do CFA Institute e essencial para que este atinja a sua missão de liderar a categoria de profissionais da área de investimentos em nível global ao promover os mais elevados padrões de ética, instrução e excelência profissional, em benefício da sociedade. Elevados padrões éticos são primordiais para manter a confiança do público nos mercados financeiros e na categoria de profissionais da área de investimentos. Desde a sua criação na década de 60, o Código e os Padrões promovem a integridade dos membros do CFA Institute e servem como modelo para avaliar a ética dos profissionais da área de investimentos em nível global, independentemente da função que desempenham, diferenças culturais ou leis e regulamentos locais. Todos os membros do CFA Institute (inclusive os que mantêm a designação Chartered Financial Analyst® [CFA®]) e os candidatos ao título de CFA devem seguir o Código e os Padrões e são incentivados a notificar os seus empregadores a respeito desta responsabilidade. As violações podem resultar em sanções disciplinares por parte do CFA Institute. As sanções podem incluir a revogação da afiliação, candidatura ao programa de CFA e ao direito de utilizar a designação de CFA.

O CÓDIGO DE ÉTICA

Membros do CFA Institute (inclusive os designados como CFA) e os candidatos à designação de CFA (“Membros e Candidatos”) devem: 
  • Agir com integridade, competência, diligência, respeito e de maneira ética com o público, clientes, possíveis clientes, empregadores, funcionários, colegas de profissão, como também outros participantes dos mercados globais de capitais.
  • Colocar a integridade da categoria de profissionais da área de investimentos e os interesses dos clientes acima dos seus interesses pessoais.
  • Agir com cautela razoável e exercer discernimento profissional independente ao conduzir análises de investimentos, fazer recomendações sobre investimentos, tomar decisões de investimento e envolver-se em outras atividades profissionais.
  • Exercer a profissão e incentivar outras pessoas a fazer o mesmo de maneira ética e profissional, que nos trará crédito pessoal e profissionalmente.
  • Promover a integridade e a viabilidade de mercados globais de capitais, em benefício da sociedade.
  • Manter e aprimorar a competência profissional e empenhar-se para manter e aprimorar a competência de outros profissionais da área de investimentos.


PADRÕES DE CONDUTA PROFISSIONAL

I. PROFISSIONALISMO
A. Conhecimento da legislação. Os membros e candidatos devem entender e estar em conformidade com todas as leis, regras e regulamentos vigentes (inclusive o Código de Ética e Padrões de Conduta Profissional do CFA Institute) de qualquer governo, organização normativa, órgão de licenciamento ou associação profissional que possa controlar as suas respectivas atividades profissionais. Em caso de conflito, os membros e candidatos devem cumprir as mais rigorosas leis, regras ou regulamentos. Os membros e candidatos não devem, conscientemente, participar, auxiliar e devem-se desassociar de qualquer violação de tais leis, regras ou regulamentos.
B. Independência e objetividade. Os membros e candidatos devem usar cautela e discernimento razoáveis para atingir e manter a independência e a objetividade de suas respectivas atividades profissionais. Os membros e candidatos não devem oferecer, solicitar nem aceitar nenhum presente, benefício, remuneração ou pagamento que, de maneira razoável, possa comprometer a sua independência e objetividade ou as de outra pessoa.
C. Apresentação incorreta. Os membros e candidatos não devem fazer, conscientemente, nenhuma apresentação incorreta relacionada com a análise de investimentos, recomendações, ações ou outras atividades profissionais.
D. Conduta inadequada. Os membros e candidatos não devem se envolver em nenhuma conduta profissional que envolva desonestidade, fraude, enganar terceiros ou cometer qualquer ato que reflita de maneira contrária à sua reputação, integridade ou competência profissional.

II. INTEGRIDADE DOS MERCADOS DE CAPITAIS
A. informações relevantes não divulgadas ao público. Os membros e candidatos que possuem informações relevantes não divulgadas ao público, que poderiam afetar o valor de um investimento (“informação privilegiada”), não devem agir nem fazer com que outros indivíduos ajam com base nessas informações.
B. Manipulação do mercado. Os membros e candidatos não devem se envolver em práticas que alterem preços ou aumentem artificialmente o volume de negócios com a intenção de enganar os participantes do mercado.

III. DEVERES PARA COM OS CLIENTES
A. Lealdade, prudência e zelo. Os membros e candidatos têm um dever de lealdade para com seus clientes: devem usar cautela e discernimento razoáveis. Os membros e candidatos devem agir para o benefício de seus clientes e colocar os interesses deles acima de seus próprios interesses ou dos interesses do seu empregador.
B. Tratamento justo. Os membros e candidatos devem tratar de maneira justa e objetiva todos os clientes ao apresentarem análise de investimentos, fazerem recomendações de investimentos, tomarem uma decisão em relação a um investimento ou se envolverem em outras atividades profissionais.
C. Adequação dos investimentos.
1. Quando os membros e candidatos estiverem em um relacionamento de consultoria de investimentos com um cliente, devem:
a. Conduzir uma investigação razoável em relação à experiência que o cliente (ou o provável cliente) tem a respeito de investimentos, objetivos de risco e retorno e restrições financeiras antes de fazer quaisquer recomendações de investimento ou tomar uma decisão de investimento e reavaliar e atualizar tais informações periodicamente.
b. Determinar se o investimento é adequado à situação financeira do cliente e coerente com os objetivos, resoluções e restrições escritas do cliente antes de fazer uma recomendação de investimento ou tomar uma decisão de investimento.
c. Avaliar a adequação dos investimentos no contexto do portfólio total do cliente.
2. Quando os membros e candidatos forem responsáveis pela gestão de um portfólio em relação a um mandato, estratégia ou estilo específico, eles devem apenas fazer recomendações de investimento ou tomar decisões de investimento uniformes com os objetivos e as restrições declaradas do portfólio.
D. Apresentação do desempenho. Ao divulgar informações sobre o desempenho de um investimento, os membros e candidatos devem envidar esforços razoáveis para garantir que as informações sejam justas, precisas e completas.
E. Preservação da confidencialidade. Os membros e candidatos devem manter a confidencialidade das informações de ex-clientes, clientes atuais e possíveis clientes, a não ser que:
1. As informações relacionem-se a atividades ilícitas por parte do cliente ou do provável cliente.
2. A divulgação seja exigida por lei.
3. O cliente ou o possível cliente permita a divulgação das informações.

IV. DEVERES PARA COM OS EMPREGADORES
A. Lealdade. Em questões relacionadas ao emprego, os membros e candidatos devem agir para o benefício de seus empregadores e não os privar das suas capacidades e habilidades; não devem divulgar informações confidenciais nem causar prejuízos de qualquer outra forma aos seus empregadores.
B. Acordos de remuneração adicional. Os membros e candidatos não devem aceitar presentes, benefícios, remunerações nem pagamentos que concorram ou que talvez possam, razoavelmente, criar um conflito de interesse com os interesses de seu empregador, a menos que obtenham um consentimento por escrito por parte de todos envolvidos.
C. Responsabilidades dos supervisores. Os membros e candidatos devem envidar esforços razoáveis para assegurar que qualquer indivíduo que esteja sujeito à sua supervisão ou autoridade esteja em conformidade com as leis, regras, regulamentos vigentes e com o Código e Padrões.

V. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS, RECOMENDAÇÕES E DECISÕES
A. Diligência e base razoável. Os membros e candidatos devem:
1. Exercer a diligência, independência e o exame minucioso ao analisar investimentos, recomendar investimentos e tomar decisões de investimento.
2. Ter uma base razoável e adequada, respaldada por pesquisas e investigações apropriadas, para fazer qualquer análise, recomendação ou tomar qualquer decisão de investimento.
B. Comunicação com clientes e possíveis clientes. Os membros e candidatos devem:
1. Divulgar aos clientes e possíveis clientes o formato básico e os princípios gerais dos processos utilizados para analisar investimentos, escolher títulos e valores mobiliários e construir portfólios; além disso, divulgar imediatamente qualquer alteração que possa afetar de maneira significativa estes processos.
2. Divulgar aos clientes e possíveis clientes as limitações e os riscos associados significativos com o processo de investimento.
3. Usar discernimento razoável ao identificar quais fatores são importantes para suas análises, recomendações ou decisões de investimento e incluir estes fatores nas comunicações mantidas com clientes e prováveis clientes.
4. Distinguir entre fato e opinião na apresentação das análises e recomendações de investimento.
C. Guarda de registros. Os membros e candidatos devem desenvolver e manter registros apropriados para fundamentar as suas análises, recomendações, decisões de investimento e outras comunicações relacionadas aos investimentos que mantiver com clientes e possíveis clientes.

VI. CONFLITOS DE INTERESSE
A. Divulgação de conflitos. Os membros e candidatos devem fazer divulgação plena e justa de todas as questões que possam razoavelmente vir a prejudicar a sua independência e objetividade ou interferir com os respectivos deveres para com os seus clientes, possíveis clientes e empregadores. Os membros e candidatos devem garantir que essas divulgações sejam relevantes, apresentadas em redação simples e comunicadas de maneira eficaz.
B. Prioridade das transações. As transações de investimentos de clientes e empregadores devem ter prioridade em relação às transações de investimentos nas quais um membro ou um candidato seja o beneficiário.
C. Comissão por recomendação. Os membros e candidatos devem divulgar aos seus empregadores, clientes e prováveis clientes, como cabível, qualquer remuneração, pagamento ou benefício recebido ou pago a terceiros pela recomendação de produtos ou serviços.

VII. RESPONSABILIDADES COMO MEMBRO DO CFA INSTITUTE OU CANDIDATO À DESIGNAÇÃO CFA
A. Conduta como participantes dos programas do CFA Institute. Os membros e candidatos não devem se envolver em nenhuma conduta que comprometa a reputação ou a integridade do CFA Institute ou a designação de CFA nem a integridade, validade ou a segurança dos programas do CFA Institute.
B. Referência ao CFA Institute, à designação de CFA e ao programa de CFA. Ao se referir ao CFA Institute, à afiliação ao CFA Institute, à designação de CFA ou à candidatura no programa de CFA, os membros e candidatos não devem apresentar de forma inapropriada nem exagerar o significado ou as implicações da afiliação ao CFA Institute, obtenção da designação de CFA ou candidatura ao programa de CFA.

No caso de discrepância entre esta tradução e a versão em Inglês, a versão em Inglês do Código de Ética e dos Padrões de Ética Profissional será vinculativa.

Mais informações e detalhes consultar:
https://www.cfainstitute.org/ethics/codes/ethics/Pages/index.aspx

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Análise Técnica – CFA Level I (Learning Outcome Statements – LOS)

A análise técnica faz parte do conteúdo obrigatório da prova CFA Level I para obtenção da certificação de analista financeiro (CFA). A seguir são descritos os tópicos de análise técnica dos desafios de aprendizagem exigidos para a prova.

LOS 12.a: Explicar os princípios da análise técnica, suas aplicações e suas suposições subjacentes.

Os fundamentos da análise técnica são as seguintes hipóteses: 
  • Os preços são determinados pela oferta e demanda de investidores ativos.
  • Oferta e demanda são impulsionadas por comportamento tanto racional como irracional. 
  • Embora as causas das mudanças na oferta e demanda sejam difíceis de determinar, as mudanças reais na oferta e demanda podem ser observadas nos preços de mercado. 
  • Os preços se movem em tendências e padrões de exibição que podem ser identificados e tendem a se repetir ao longo do tempo. 

LOS 12.b: Descrever a construção e interpretar diferentes tipos de gráficos de análise técnica.

Os analistas técnicos usam gráficos para identificar tendências e padrões dos preços ao longo do tempo. Um gráfico de linha é uma linha contínua que liga preços de fechamento de cada período. Os gráficos de barras e os gráficos de velas (candlestick) mostram os preços de abertura, máximo, mínimo e fechamento de cada período. Gráficos de volume frequentemente acompanham gráficos de preços. Gráficos de ponto-e-figura indicam mudanças significativas na direção da evolução dos preços.

LOS 12.c: Explicar os usos de tendência, linhas de suporte e resistência e mudança de polaridade.

Em uma tendência de alta os preços estão alcançando máximas e mínimas mais elevados. Uma linha de tendência de alta é desenhada abaixo dos preços em um gráfico ligando os pontos mínimos crescentes com uma linha reta.

Em tendência de baixa os preços estão atingindo mínimas mais baixas e máximos mais baixos. Uma linha de tendência de baixa é desenhada acima dos preços em um gráfico ligando os máximos decrescentes com uma linha reta.

Suporte e resistência são os níveis de preços ou intervalos em que se espera que a pressão de compra ou venda limite o movimento dos preços. Os níveis de suporte e resistência comumente identificados incluem linhas de tendência e os preços máximos e mínimos anteriores.

O princípio da mudança de polaridade é a ideia de que os níveis de resistência tornam-se níveis de suporte e níveis de suporte tornam-se níveis resistência.

LOS 12.d: Identificar e interpretar padrões gráficos comuns.

Os analistas técnicos procuram padrões recorrentes em gráficos de preços. Cabeça e ombros, topos duplos e topos triplos são considerados como padrões de reversão no fim de uma tendência de alta. Cabeça e ombros invertidos, fundos duplos e fundos triplos são considerados como padrões de reversão no fim de uma tendência de baixa.

Triângulos, retângulos, bandeiras e flâmulas são considerados como padrões de continuação, que indicam que é provável que a tendência em que eles aparecem irá continuar na mesma direção.

LOS 12.e: Descrever indicadores comuns de análise técnica: baseado em preços, osciladores momentum, de sentimento e de fluxo de fundos.

Indicadores baseados em preços incluem médias móveis, bandas de Bollinger e osciladores momentum tais como Índice de Força Relativa (IFR), linhas de média móvel de convergência / divergência (MACD), oscilador taxa de mudança (ROC) e oscilador estocástico. Estes indicadores são comumente usados para identificar mudanças na tendência de preços, assim como mercados “sobrecomprados” que possivelmente estão por cair no curto prazo e “sobrevendidos” que provavelmente estão por subir no curto prazo.

Indicadores de sentimentos incluem pesquisas de opinião, razão put/call, Índice de Volatilidade (VIX), margem de dívida, e short interest ratio (razão de posições vendidas). A margem de dívida, o índice de braços ou índice de negociação de curto prazo (TRIN), a posição de caixa de fundos mútuos, novas emissões de ações e ofertas secundárias são indicadores de fluxo de fundos. Os analistas técnicos frequentemente interpretam estes indicadores como uma perspectiva contrária, tornando-se um indicativo de venda quando o sentimento do investidor é excessivamente positivo e de compra quando o sentimento do investidor é excessivamente negativo.

LOS 12.f: Explicar o uso de ciclos por analistas técnicos.

Alguns analistas técnicos acreditam que os preços do mercado movem-se em ciclos. Exemplos incluem: a onda de Kondratieff, que é um ciclo de 54 anos; e os ciclos de 4 anos relacionados as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

LOS 12.g: Descrever os princípios básicos da Teoria das Ondas de Elliott e a importância dos números de Fibonacci.

A teoria das ondas de Elliott sugere que os preços exibem um padrão de cinco ondas na direção da tendência e três ondas contra a tendência. Analistas técnicos que empregam a teoria das ondas de Elliott frequentemente usam a razão de números da sequência Fibonacci para estimar preços-alvo e identificar potenciais níveis de suporte e resistência.

LOS 12.h: Descrever análise intermercados que se refere à análise técnica e de alocação de ativos.

Análise intermercados examina as inter-relações entre os vários ativos do mercado, tais como ações, títulos, commodities e moedas. No processo de alocação de ativos, a análise de força relativa pode ser utilizada para identificar classes de ativos atrativas e setores atrativos dentro destas classes.


Para uma análise mais detalhada vide os artigos abaixo:

Análise Técnica: conceitos básicos

Análise Técnica: tipos de gráficos

Análise Técnica: tendência, linhas de suporte e resistência e mudança de polaridade

Análise Técnica – padrões gráficos: cabeça-e-ombros, topos e fundos duplos e triplos, retângulos, triângulos, bandeiras e flâmulas

Análise Técnica – indicadores baseados em preços: médias móveis e bandas de Bollinger

Análise Técnica – Osciladores: IFR, ROC, MACD, Estocástico

Análise Técnica - indicadores de sentimento e fluxos

Análise Técnica: teoria dos ciclos, ondas de Elliott, números Fibonacci, análise intermercados

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Análise Técnica: teoria dos ciclos, ondas de Elliott, números Fibonacci, análise intermercados

Teoria dos ciclos é o estudo de processos que ocorrem em ciclos, como muitos fenômenos naturais tendem a acontecer. Alguns analistas técnicos aplicam a teoria de ciclos para os mercados financeiros, na tentativa de identificar os ciclos de preços.

Alguns dos períodos de ciclo analisados por analistas técnicos são os:

  • ciclos de 54 anos, chamados de onda de Kondratieff (K wave): economias capitalistas ocidentais tem um ciclo de 54 anos. Nikolai D. Kondratieff  foi um economista – da época da Rússia comunista – que notou um ciclo de aproximadamente 50 anos nos preços das commodities agrícolas europeias e nos preços do cobre.
  • ciclos de 18 anos (mais comumente utilizados em mercados imobiliários).
  • padrões decenais ou ciclos de 10 anos: padrão de retornos médios do mercado de ações discriminado em função do último dígito do ano (anos terminados em zero tem a pior performance, anos terminados em cinco tem os melhores desempenhos).
  • ciclos de 4 anos presidenciais relacionadas com os anos de eleições nos Estados Unidos (ciclos eleitorais): o terceiro ano do mandato (ano anterior as eleições) mostram melhor performance. A razão para tal fato seria que os políticos que concorrem a reeleição tentam estimular a economia em uma tentativa de ganhar a reeleição.

Uma das teorias de ciclos mais desenvolvidas é a teoria das ondas de Elliott. A teoria das ondas de Elliott é baseada na crença de que os preços do mercado financeiro podem ser descritos por um conjunto articulado de ciclos, os mercados movem-se de forma regular e em ondas ou ciclos repetidos. Os períodos do ciclo variam desde alguns minutos (um ciclo "subminuette") até séculos (um "Grand Supercycle").

Ondas referem-se a padrões gráficos associados com a teoria das ondas de Elliott. Em uma prevalência de tendência de alta, movimentos ascendentes nos preços consistem em cinco ondas (ondas impulsivas: onda 1 para cima, onda 2 para baixo, onda 3 para cima, onda 4 para baixo, onda 5 para cima) e movimentos para baixo ocorrem em três ondas (ondas corretivas: onda a para baixo, onda b para cima, onda c para baixo). Se a tendência predominante é de baixa, o movimento para baixo tem cinco ondas e movimentos ascendentes têm três ondas. Cada uma dessas ondas, por sua vez, é composta de ondas menores da mesma forma geral.



Todas as ondas podem ser categorizadas por seu tamanho relativo, ou grau. Elliott difere nove graus de ondas, desde o menor (horas ou minutos) para o maior ciclo (séculos). Elliott escolheu os seguintes nomes para rotular estes graus, a partir do maior para o menor: Grande Superciclo, Superciclo, Ciclo, Ciclo Primário, Ciclo Intermediário, Ciclo Menor, Ciclo Minute, Ciclo Minuette, Ciclo Subminuette.

Os tamanhos destas ondas são pensados para corresponder com relações de Fibonacci. Números de Fibonacci fazem parte da sequência começando com 0 e 1, em seguida, adicionando cada um dos dois números anteriores para produzir o próximo número (0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34 e assim por diante). A teoria das ondas de Elliott acredita que a razão de números de Fibonacci é útil para estimar metas de preço. Por exemplo, uma perna para baixo pode ser de 1/2 ou 2/3 do tamanho de uma perna para cima, ou um preço-alvo pode ser 13/8 da alta anterior. A razão de números de Fibonacci consecutivas converge para 0,618 e 1,618. Estes dois valores são comumente usados para projetar metas de preço.



Análise intermercados é a análise de mais de uma classe de ativos relacionados ou do mercado financeiro para determinar a força ou a fraqueza dos mercados financeiros ou classes de ativos a ser considerada. Em vez de olhar para os mercados financeiros ou classes de ativos em uma base individual, este tipo de análise examina vários mercados fortemente correlacionados ou classes de ativos, como ações, títulos, commodities e moedas. O Índice de Força Relativa (descrito anteriormente) é uma ferramenta útil para determinar quais classes de ativos estão superando outras. Depois de identificar as classes de ativos atraentes, o analista pode aplicar a análise de força relativa para identificar quais ativos dentro dessas classes estão superando outros. Esta abordagem também é útil para comparar o desempenho relativo de setores do mercado de ações e de vários mercados internacionais.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Análise Técnica - indicadores de sentimento e fluxos

Embora os indicadores técnicos mencionados anteriormente assumam que o sentimento dos investidores está refletido nos dados de preços e de volume, os analistas técnicos também podem observar indicadores de sentimento do investidor e fluxos de capital para obter sinais (insights) sobre potenciais tendências emergentes. Indicadores de sentimento podem ser utilizados para discernir os pontos de vista dos potenciais compradores e vendedores. O sentimento do mercado é conhecido como "bullish" (mercado comprador), quando os investidores esperam que os preços aumentem, e "bearish" (mercado vendedor), quando os analistas esperam uma queda dos preços.

Os indicadores podem incluir pesquisas de opinião que tentam medir o sentimento dos investidores diretamente, bem como várias medidas que são baseados em dados de mercado:

Índice de Volatilidade (VIX)

A Chicago Board Options of Exchange (CBOE) calcula o VIX (Volatility Index), que mede a volatilidade das opções sobre o índice de ações S&P 500. Altos níveis do VIX sugerem que os investidores temem quedas no mercado de ações. Os analistas técnicos muito frequentemente interpretam o VIX de forma contrária. Tecnicamente falando, o índice de volatilidade CBOE não mede o mesmo tipo de volatilidade como a maioria dos outros indicadores. A volatilidade é o nível das flutuações de preços que podem ser observadas olhando dados do passado. Em vez disso, o VIX olha para as expectativas de volatilidade futura, também conhecidas como volatilidade implícita. Momentos de maior incerteza (mais volatilidade esperada futuro) resultam em valores mais elevados VIX, enquanto valores mais baixos correspondem a mercados menos ansiosos. Investidores e analistas às vezes se referem ao VIX por um apelido não-oficial: “índice de medo”.


Razão put/call

Opções de venda aumentam de valor quando o preço do ativo subjacente (objeto) cai, enquanto as opções de compra aumentam de valor quando do aumento do preço do ativo subjacente. Para os ativos financeiros que tem opções negociadas ativamente, o volume de opções de venda e de opções de compra reflete a atividade de investidores com perspectivas positivas e negativas, respectivamente, sobre o ativo. A razão put/call é o volume de opções de venda dividido pelo volume de opções de compra. Aumentos da razão put/call indicam uma perspectiva mais negativa para o preço do ativo. Esta proporção é geralmente vista como um indicador contrário. Razões extremamente elevadas indicam o sentimento dos investidores fortemente “bearish” (vendedor) e – possivelmente – um mercado sobrevendido, enquanto proporções extremamente baixas indicam sentimento fortemente altista (bullish) e – talvez – um mercado sobrecomprado.

Margem de dívida

O montante da margem de dívida é um indicador prontamente disponível porque as corretoras são obrigadas a comunicar esses dados. Os aumentos no total da margem de dívida em circulação sugerem compra agressiva por parte dos investidores de margem alta. Quando os investidores de margem atingem seus limites de margem de crédito, a sua capacidade de continuar comprando diminui, o que pode causar queda de preços. Como os preços diminuem, os investidores podem precisar vender títulos para atender as chamadas de margem, e essas vendas impulsionam os preços ainda mais para baixo. O aumento da margem de dívida tende a coincidir com o aumento dos preços de mercado e quedas da margem de dívida tendem a coincidir com a queda de preços.

Short interest ratio (razão de posições vendidas)

Assim como um aumento da margem de dívida sugere compra agressiva e forte sentimento positivo, os aumentos de posições vendidas de ações indicam forte sentimento negativo. Tal como acontece com a margem de dívida, as posições vendidas devem ser relatadas pelas corretoras. A razão de posições vendidas é igual a posições vendidas dividida pelo volume médio diário negociado. Uma proporção alta de posições vendidas significa que os investidores esperam que o preço das ações caia, indica também a demanda futura de compra, quando os vendedores a descoberto devem devolver as ações emprestadas. Assim, as opiniões dos analistas técnicos estão divididas a respeito de como a relação de posições vendidas devem ser interpretadas.

Indicadores do fluxo de fundos

Como a análise técnica é baseada em mudanças nas condições de oferta e demanda, os indicadores do fluxo de fundos nos mercados financeiros podem ser úteis para observar mudanças na oferta de valores mobiliários e a demanda por eles.

O índice de braços ou índice de negociação de curto prazo (TRIN) é uma medida do fluxo de avanços ou declínios das ações. O índice é calculado como:

TRIN = [ (Número de avanços / Número de declínios) / (Volume de avanços / Volume de declínios) ]

Um valor do índice próximo a um sugere que os fundos estão fluindo uniformemente ao avanço e declínio das ações. Índice maiores que um significa que a maioria do volume está em declínio, enquanto um índice inferior a um significa mais volume de altas. Em gráficos do TRIN para ações dos Estados Unidos, picos de alta coincidiram com grandes perdas diárias no mercado de ações, enquanto picos de queda coincidiram com grandes ganhos diários no mercado de ações.

A margem de dívida, além de indicar o sentimento dos investidores, como descrito acima, é também um indicador útil de fluxo de fundos. O aumento da margem de dívida pode indicar que os investidores querem comprar mais ações. A queda da margem de dívida indica aumento de vendas.

A posição de caixa de fundos mútuos é a proporção de caixa dos fundos mútuos em relação aos ativos totais. Durante tendências de alta, os gestores de fundos querem investir rapidamente, porque o caixa ganha apenas a taxa de retorno livre de risco e, portanto, diminui os retornos do fundo. Durante tendências de baixa, os saldos dos fundos de caixa aumentam o retorno global do fundo. Como resultado, as posições de caixa em fundos de investimento tendem a aumentar quando o mercado está caindo e diminuir quando o mercado está em ascensão. Os analistas técnicos tipicamente visualizam o caixa dos fundos mútuos como um indicador contrário. Quando os fundos de investimento acumulam caixa, isso representa um poder de compra futura no mercado. Portanto, uma relação alta de caixa de fundos mútuos sugere que os preços de mercado estão susceptíveis a aumentar. Por outro lado, quando o caixa dos fundos mútuos é baixo, eles já estão investidos e os preços do mercado refletem as suas compras.

Nova emissão de ações (ou seja, ofertas públicas iniciais) e ofertas secundárias (vendas de ações adicionais por parte do emitente) aumentam a oferta de ações. Devido aos emitentes tenderem a vender novas ações quando os preços das ações têm perspectivas de alta, os aumentos na emissão de novas ações podem muitas vezes coincidir com os picos de mercado. Desta forma, ofertas públicas iniciais e ofertas secundárias também podem ser consideradas como indicadores de fluxo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Análise Técnica – Osciladores: IFR, ROC, MACD, Estocástico

Os osciladores são outro grupo de ferramentas que os analistas técnicos usam para identificar mercados sobrecomprados ou sobrevendidos. Estes indicadores são baseados em preços de mercado, mas dimensionado de modo que eles "oscilem" em torno de um determinado valor, como zero, ou entre dois valores como zero e 100. Altos valores extremos de um oscilador são vistos como uma indicação de que um mercado está sobrecomprado, enquanto os valores extremos mais baixos são vistos como uma indicação de um mercado sobrevendido. Os analistas técnicos usam gráficos de osciladores ao longo do tempo para destacar os períodos em que eles estão perto de seus extremos de alta ou baixa.

Gráficos de osciladores também podem ser utilizados para identificar a convergência ou divergência dos osciladores e os preços de mercado. A convergência ocorre quando o oscilador mostra o mesmo padrão que os preços (por exemplo, ambos alcançam máximos mais elevados), e a divergência ocorre quando o oscilador mostra um padrão diferente dos preços (por exemplo, não conseguir alcançar um máximo mais alto quando o preço alcança). Convergência sugere que é provável que a tendência dos preços continue, enquanto a divergência pode indicar uma potencial mudança na tendência dos preços.

Exemplos de osciladores incluem o oscilador taxa de mudança (ROC), Índice de Força Relativa (IFR), linhas de média móvel de convergência / divergência (MACD) e o oscilador estocástico.

Oscilador taxa de mudança (OTM ou ROC - Rate of change oscillator)

Um oscilador taxa de mudança (ROC) ou oscilador momentum é calculado como 100 vezes a diferença entre o último preço de fechamento e o preço de fechamento de n períodos anteriores. Desta forma, ele oscila em torno de zero. Uma das maneiras que os analistas técnicos usam o ROC é comprar quando o oscilador muda de negativo para positivo durante uma tendência de alta nos preços, e vender quando o ROC muda de positivo para negativo durante uma tendência de baixa. Alguns analistas preferem usar a proporção do preço atual para o preço passado no lugar da diferença. Calculado desta forma, o ROC oscila em torno de 100.

Índice de Força Relativa (IFR ou RSI - Relative Strength Index)

O IFR é baseado na proporção de aumentos totais de preços em relação ao total de quedas de preços ao longo de um determinado número de períodos. Esta proporção oscila entre 0 e 100, com valores elevados (normalmente os superiores a 70, para 14 períodos, e superiores a 80, para 9 períodos) indicando um mercado sobrecomprado e valores baixos (tipicamente menores que 30, para 14 períodos, e menores que 20, para 9 períodos) indicando um mercado sobrevendido.

Média móvel convergência / divergência (MACD)

Osciladores MACD são desenhados usando médias móveis exponencialmente suavizadas, que colocam um peso maior nas observações mais recentes. A "'linha MACD" é a diferença entre duas médias móveis exponencialmente suavizadas do preço, e a "linha de sinal" é uma média móvel exponencialmente suavizada da linha MACD. As linhas oscilam em torno de zero, mas não são limitadas. O oscilador MACD pode ser usado para indicar condições sobrecompradas ou sobrevendidas, ou para identificar a convergência ou divergência com a tendência dos preços. Os pontos onde as duas linhas se cruzam podem ser usados como sinais para negociação, bem como o uso de duas médias móveis diferentes, como discutido anteriormente (artigo: Análise Técnica – indicadores baseados em preços: médias móveis e bandas de Bollinger). O cruzamento da linha MACD acima da linha de sinal suavizada é visto como um sinal de compra e o cruzamento da linha MACD abaixo da linha de sinal é visto como um sinal de venda.

Oscilador estocástico

O oscilador estocástico é calculado a partir do preço de fechamento mais recente e os preços mais altos e mais baixos alcançados em um período recente como 14 dias. Em uma tendência de alta sustentável, os preços tendem a fechar mais perto da recente alta, e em uma tendência de baixa sustentável, os preços tendem a fechar mais perto da baixa recente. Osciladores estocásticos usam duas linhas que são delimitadas por 0 e 100. A linha %K é a diferença entre o último preço e a baixa mais recente como uma percentagem da diferença entre a recente alta e baixa. A linha %D são 3 períodos médios da linha %K. Os analistas técnicos costumam usar osciladores estocásticos para identificar mercados comprados e vendidos. Pontos onde a linha %K cruza a linha %D também podem ser utilizados como sinais de negociação, da mesma forma como as linhas MACD.

Osciladores: RSI (IFR de 14 períodos); MACD [linha MACD (linha azul) com base nas médias móveis exponencialmente suavizadas do preço de 12 e 26 períodos e linha de sinal (linha vermelha): média móvel exponencialmente suavizada de 9 períodos da linha MACD]; Stoch (oscilador estocástico)