sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Brasil cresce menos que a média mundial


Nos últimos 32 anos, de 1980 a 2011, o Brasil cresceu menos que a média mundial em 19 anos. Os piores anos foram 1981 (segundo choque do petróleo), 1983 (moratória do México), 1988 (efeitos da moratória decretada pelo Brasil em 1987), 1990 (confisco – plano Collor), 1992 (corrupção –impeachment de Collor), 1996 (PROER – programa de reestruturação de instituições financeiras que tiveram dificuldades em se adaptar à baixa inflação pós-plano Real), 1997 (crise dos tigres asiáticos), 1998 (crise Rússia), 1999 (crise brasileira – desvalorização do Real), 2001 (apagão e crise argentina), 2003 (expectativa negativa quanto ao governo Lula), 2005 (mensalão) e 2011 e 2012 (ineficácia em aproveitar o bom momento mundial).


Conforme tabela acima, verifica-se que entre 1980 e 1990 ocorreram os piores e melhores anos de crescimento econômico do Brasil em relação ao crescimento econômico mundial. Tal fato deve-se a grande instabilidade e falta de previsibilidade de uma economia hiperinflacionária. Entretanto – embora os péssimos resultados de 1981, 1983, 1988 e 1990 – pode ser observado que neste período a média de crescimento do Brasil não foi muito diferente da média de crescimento mundial (de 1980 a 1985: Mundo 2,54% e Brasil 2,52% e de 1986 a 1989: Mundo 3,75% e Brasil 3,70%). Já o período do governo Collor, 1990 a 1992, pode ser encarado como o pior momento econômico da história recente do Brasil (Mundo 1,36% e Brasil -1,10%). Na sequência tivemos um excelente governo do então presidente Itamar Franco, entre 1993 e 1994, período este que o Brasil teve significativo crescimento econômico ante a média mundial (os dois anos acima da média global: Mundo 1,60% e Brasil 5,00%), por tentar efetuar um governo de coalizão e reunir uma excelente equipe econômica sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso (Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch) que deu as bases e implantou o plano Real.

O governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) consolidou o plano Real e implementou uma série de medidas estabilizadoras da economia como o PROER – caso os Estados Unidos tivessem observado o que o Brasil fez em 1996 dando credibilidade ao mercado financeiro brasileiro com o fortalecimento das instituições financeiras nacionais (sólidas desde então), provavelmente a crise financeira de 2008 não teria tido tamanho impacto global – além de privatizações (e concessões), a Lei de Responsabilidade Fiscal e o forte foco quanto a politica educacional de base. Porém boa parte dos frutos destas políticas não são imediatos e o desempenho econômico do governo de FHC não obteve tanto êxito em seu período devido às reformas econômicas estarem ocorrendo neste período em meio a forte turbulências econômicas mundiais (crises do México em 1994; equalização da dívida externa ainda em 1994 com a adesão ao plano Brady – em virtude da moratória de 1987 durante o governo Sarney; crise dos tigres asiáticos em 1997; crise russa de 1998; crise do Brasil com o contágio das crises citadas – o que obrigou o Brasil a desvalorizar o Real, crise argentina em 2001 e crise do setor energético também em 2001 – que só a partir dos graves apagões em 2001, devido ao baixo nível das hidrelétricas, foi realizado o planejamento do setor elétrico que entre outras medidas contemplou a instalação de termoelétricas, que apesar de ser mais cara que a energia hidrelétrica é o que vai salvar o Brasil de um apagão mais sério em 2013).

O governo do presidente Lula sofreu muito no primeiro ano em virtude da crise de insegurança que sua eleição representava na época (boa parte do Brasil e do mundo pensava que a política econômica do governo Lula seria baseada na ideologia retórica e ultrapassada de boa parte dos radicais de esquerda do Partido dos Trabalhadores, partido de Lula). Felizmente a política econômica do governo Lula foi bastante ortodoxa no primeiro momento, enquanto tinha Antonio Palocci como Ministro da Fazendo e já em 2004 o Brasil pôde crescer praticamente no mesmo nível da média global. Tal fato foi decorrente da continuidade do plano Real e da ampliação de programas de transferência de renda – união dos programas Bolsa Escola, Auxílio Gás e Cartão Alimentação do governo de FHC em um programa único e de maior alcance que é o Bolsa Família. Entretanto, os anos de 2005 e 2006 foram afetados negativamente por escândalos de corrupção, em especial o “Mensalão”, o que implicou em baixo crescimento frente à economia global. Em 2007, com a acomodação dos escândalos de corrupção e com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Brasil retornou ao rumo da economia mundial e em 2008 obteve crescimento superior à média global, em parte por não ter sido tão afetado – em um primeiro momento – pela crise financeira global, que teve como auge a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, em decorrência da crise imobiliária americana. Em 2009 os efeitos da crise chegaram efetivamente ao Brasil que teve após mais de 16 anos a primeira retração do PIB, tendo inclusive resultado inferior à média global neste ano. Em 2010 o governo Lula lançou o PAC 2, com o intuito de aumentar o baixo investimento histórico do Brasil e de quebra eleger sua sucessora, a atual presidente Dilma Rousseff. Tal ação foi muito positiva e o Brasil obteve o maior crescimento em relação à média mundial desde 1994 (e com crescimento efetivo abaixo apenas que os anos 1980, 1985 e 1986, com base no período analisado) e o então presidente Lula conseguiu eleger sua sucessora.

O governo Dilma iniciou aparentemente com aspectos positivos quanto a maior rigidez em relação à corrupção. Contudo, em relação ao plano econômico tem tido um desempenho muito aquém do esperado. Os dados de 2011 demonstraram crescimento bem abaixo da média global e 2012 apresentou resultado – ainda extraoficial – de apenas 1%, quando a média global estimada é de mais de 2%. Em suma, os dois anos do governo Dilma apresentam-se como os piores desde o período Collor (aguardando apenas a confirmação dos dados oficiais do IBGE e do Banco Mundo para 2012). Tal fato é decorrente de interferências diretas e excessivas em todos os aspectos econômicos. Primeiramente pela mudança no comando do Banco Central do Brasil, que aparentemente perdeu a independência conquistada desde o governo de Fernando Henrique Cardoso ou mesmo por ter deixado adentrar numa das mais gabaritadas autarquias federal ideologias heterodoxas ultrapassadas. Ademais, existe falta de previsibilidade econômica, o que dificulta as decisões de investimentos (ninguém sabe ao certo quanto será a taxa de câmbio daqui a um ano ou mesmo se a meta de inflação será cumprida algum dia ou se a meta de inflação é efetivamente ficar abaixo do limite/teto estabelecido, ou mesmo se algum índice ou rubrica das contas nacionais não terão sua metodologia alterada para não contrariar os números requeridos por este atual governo federal). Além disso, a manipulação cambial, além de dificultar as decisões de investimentos, tem sido um dos maiores problemas recentes da economia brasileira. Como já comentado em outros artigos, o Real desvalorizado artificialmente é ruim para os importadores, ruim para a inflação, ruim para quem deseja viajar para o exterior e ruim para a economia como um todo. E dizer que o Real está valorizado claramente é uma visão pouco racional e de curta profundidade. Adicionalmente, a desvalorização do Real tem decorrido do aumento do nível de reservas internacionais (e não de problemas decorrentes de resultados negativos de Balança Comercial, que em 2012 foi superior a USD 19 bilhões), que desde o início do governo da presidente Dilma Rousseff já aumentou aproximadamente USD 90 bilhões, estando em USD 378 bilhões atualmente. E, conforme comentado em artigos anteriores, existe um custo real decorrente do volume excessivo de reservas internacionais: a rentabilidade média das reservas internacionais em dólares (USD) de 2003 a 2011 foi de apenas 4,67% e tem ficado abaixo de 4% desde a crise financeira global, mais especificamente a partir de 2009 (embora a crise financeira global tenha eclodido em 2008, parte de seus efeitos foram mais fortemente sentidos a partir de 2009). Considerando a média histórica de rentabilidade indicada e considerando a desvalorização de 8,94% do real (R$) perante o dólar (USD) em 2012, verifica-se que a rentabilidade em reais (R$) das reservas internacionais tem sido negativa durante o governo Dilma. Outros fatos adicionais que podem ser ressaltados – como má condução da política econômica do governo Dilma Rousseff – são as atitudes imprevisíveis e arbitrárias como a redução forçada da energia elétrica sem respeitar os contratos vigentes, controle de preços – em especial gasolina e diesel, benefícios a setores específicos sem embasamento teórico e empírico relevante ao invés de políticas econômicas sólidas e abrangentes para a economia como um todo e não para beneficiar apenas uma pequena porção da economia que não tem trazido resultados diretos positivos para a economia do Brasil (como é o caso da indústria cujo resultado estimado é de retração superior a 2%). As reduções de tributos como o IPI, a desoneração da folha de pagamentos e a manutenção da taxa de câmbio desvalorizada fizeram sim o faturamento das indústrias crescer, porém a produção caiu 1,5%, a utilização da capacidade instalada recuou 0,9% e o emprego apresentou queda de 0,2% em 2012 na comparação com 2011, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Difícil entender o porquê do desvio de uma rota econômica positiva para uma trajetória descendente iniciada pelo governo da presidente Dilma Rousseff e do Ministro da Fazenda Guido Mantega. Parece que eles querem verificar os resultados de suas ineficiências e ineficácias nas urnas em 2014 ou estão contando com o Bolsa Família como trunfo para a próxima eleição presidencial.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Petrobras divulga resultado de 2012


Excesso de intervenção estatal, principalmente pela desvalorização do Real, derruba lucro da Petrobras. Como a própria presidente da Petrobras, Graças Foster, disse: “o resultado 36% inferior ao de 2011 é explicado pelo aumento da importação de derivados a preços mais elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto o resultado financeiro como os custos operacionais”. O resultado do período de R$ 21 bilhões foi prejudicado pelo segmento abastecimento, que teve um prejuízo de R$ 23 bilhões, resultado do aumento de 8% da demanda do mercado interno (aumento de 17% da gasolina e gás natural, diesel 6% e querosene de aviação 5%), o que implicou no aumento de 12% do volume de importação de derivados de petróleo, apesar do crescimento de 5% da produção de derivados em 2012, aumentando a utilização da capacidade nominal de refino de 92% para 96%, em 2011 e 2012, respectivamente, o que mostra possível impacto inflacionário por oferta (baixa capacidade de produção frente a demanda) ou resultados mais tímidos nos períodos vindouros (exceto se houver valorização do Real e/ou queda do preço dos combustíveis no mercado internacional).