quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O preço do crédito corporativo no Brasil em novembro de 2016, segundo dados do Banco Central

Que o crédito no Brasil é muito caro todos já sabem, mas em que montante e em quais modalidades de crédito muitos nem prestam tanta atenção. Desta forma, faz-se necessário conhecer quais são as modalidades de crédito que apresentam condições um pouco mais acessíveis e quais modalidades de crédito devem ser evitadas o máximo possível (clique na tabela/gráfico para ampliar).


Como já esperado, o cheque especial é a modalidade de crédito mais cara, também para o segmento empresarial, chegando a 13,73% ao mês, ou 368,23% ao ano, no Banco do Brasil, instituição mais cara para esta modalidade. Em contrapartida, o Adiantamento sobre Contratos De Câmbio (ACC) – Pós-Fixado Referenciado em Moeda Estrangeira foi a modalidade menos cara com taxa mínima mensal de 0,07%, ou 0,80% ao ano, no Banco Fibra S.A., no entanto, esta modalidade de crédito não é disponível a todos e sim apenas a exportadores. As modalidades mais acessíveis são o desconto de duplicatas, com destaque para o Banco JP Morgan cuja taxa mensal foi 1,11%, ou 14,10% ao ano, além do Banco IBM, Banco Safra, etc.; a conta garantida pós-fixada com taxa mensal mínima de 1,16%, ou 14,81% ao ano, no Banco Crédit Agricole Brasil S.A., com taxas também acessíveis em outras instituições como Banco Santander e Banco Safra, etc.; e capital de giro, principalmente com prazo superior a 365 dias, destacando-se o Banco Modal, o Banco Santander, o Rabobank, Sumitomo Mitsui, BBM, etc.

Taxas de juros das três melhores e três piores instituições financeiras por modalidade (taxas mensais):













quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Black Thursday

Black Thursday é o nome dado a quinta-feira, 24 de outubro de 1929, quando o Dow Jones Industrial Average (DJIA) desabou 11% na abertura do pregão, precipitando o crash de Wall Street de 1929 e a subsequente Grande Depressão dos anos 1930.

O crash de 1929 não ocorreu em um único dia, mas especialmente em um período de duas semanas que começou em outubro daquele ano. A primeira parte do crash ocorreu em 24 de outubro, dia conhecido como Black Thursday. A semana seguinte trouxe a Black Monday, em 28 de outubro, e Black Tuesday, em 29 de outubro – o Dow Jones Industrial Average (DJIA) caiu mais de 20% ao longo desses dois dias. Pressões de venda preexistentes e o medo no mercado de ações foram seguidos por uma enxurrada de ordens de venda o que causou o desligamento do serviço de ticker-tape, sistema que fornecia os preços das ações para os traders (investidores). Devido às substanciais incertezas nos mercados, as vendas se intensificaram ainda mais, aumentando o pânico. Apesar de algumas tentativas de recuperação, o mercado de ações continuou baixista (languish), caindo quase 90% em relação a seu pico em 1929.

A Black Thursday (quinta-feira negra) e a consequente queda do mercado de 1929 desencadearam uma completa revisão da regulamentação do mercado de valores mobiliários dos Estados Unidos. Esses eventos levaram à promulgação do Securities Act de 1933 e do Securities Exchange Act de 1934.

Um pouco de história

A década de 1920 é conhecida como um período de grande riqueza e euforia. Com base no otimismo do pós-guerra, os americanos rurais migraram em grande número para as cidades ao longo da década com a esperança de encontrar uma vida mais próspera com a expansão cada vez maior do setor industrial americano. Enquanto as cidades americanas prosperaram, a superprodução de produtos agrícolas criou um desespero financeiro generalizado entre os agricultores americanos ao longo da década. Mais tarde tal fato seria considerado como um dos principais fatores que levaram a crise do mercado de ações em 1929.

Nesta época, muitos acreditavam que o mercado de ações continuaria a subir para sempre, apesar dos perigos da especulação. Já em 25 de março de 1929, uma mini correção baixista ocorreu quando os investidores começaram a vender ações a um ritmo rápido, depois que o Federal Reserve (FED – banco central americano) alertou sobre a especulação excessiva, expondo os instáveis fundamentos do mercado, da economia. Dois dias depois, o banqueiro Charles E. Mitchell anunciou que sua empresa, o National City Bank, forneceria US$ 25 milhões em crédito para impedir a queda do mercado. O movimento de Mitchell parou provisoriamente a crise financeira. No entanto, a economia americana mostrava vários sinais de problemas: a produção de aço diminuía, as construções estavam em ritmo lento, as vendas de automóveis caíam e os consumidores estavam acumulando elevadas dívidas por causa do crédito fácil. Apesar de todos esses sinais de problemas econômicos e as correções baixistas do mercado em março e maio de 1929, o preço das ações continuou a subir em junho e os ganhos continuaram praticamente inalterados até o início de setembro de 1929 (o índice Dow Jones apresentou retorno positivo de 20% entre junho e setembro).

O mercado subiu vigorosamente por nove anos, com o índice Dow Jones Industrial Average (DJIA) aumentando dez vezes em valor, atingindo um pico de 381,17 pontos em 03 de setembro de 1929. Pouco antes do crash, uma frase do economista Irving Fisher ficou famosa: “Os preços das ações atingiram o que parece um planalto permanentemente alto”. O otimismo e os ganhos financeiros do mercado altista de então foram abalados após a divulgação da previsão de setembro do especialista financeiro Roger Babson que previu que “um crash estava chegando”. O declínio inicial dos mercados em setembro foi assim chamado de “Babson Break” pela imprensa. Este foi o início do Grande Crash, embora a fase mais grave e aguda do crash tenha ocorrido em outubro, e muitos investidores consideraram o “Babson Break” de setembro como uma “correção saudável” e oportunidade de compra.

Paralelamente, em 20 de setembro, a Bolsa de Valores de Londres caiu quando o principal investidor britânico Clarence Hatry e muitos de seus associados foram presos por fraude e falsificação. A queda da Bolsa de Valores de Londres enfraqueceu muito o otimismo do americano em investir em mercados no exterior. Nos dias que antecederam o crash, o mercado estava consideravelmente instável. Períodos de venda e volumes elevados foram intercalados com breves períodos de subida dos preços e recuperação.

Em meados de outubro as vendas se intensificaram ainda mais e em 24 de outubro (“Black Thursday” ou “quinta-feira negra”) o mercado perdeu 11% de seu valor no sino de abertura com volume de negociação muito alto. O enorme volume de negociação causou o desligamento do serviço de ticker-tape, assim os investidores não tinham ideia como a maioria das ações estavam sendo negociadas realmente naquele momento, aumentando o pânico. Vários banqueiros de Wall Street se reuniram para encontrar uma solução para o pânico e caos presentes no pregão. A reunião incluiu Thomas W. Lamont, chefe interino do Morgan Bank; Albert Wiggin, chefe do Chase National Bank; e Charles E. Mitchell, presidente do National City Bank de Nova York. Eles escolheram Richard Whitney, vice-presidente da Bolsa, como representante. Com os recursos financeiros dos banqueiros, Whitney colocou uma oferta para comprar um grande bloco das ações da gigante do aço “US Steel” a um preço bem acima do mercado. Como os traders assistiram a operação mencionada anteriormente, Whitney, em seguida, colocou lances similares em outras ações de primeira linha (“blue chips”). Esta tática era semelhante a que terminou o Pânico de 1907. Neste sentido, conseguiu estancar a queda. O índice Dow Jones Industrial Average se recuperou, fechando com baixa de apenas 6,38 pontos no dia. O rali continuou na sexta-feira, 25 de outubro, e na sessão de meio dia no sábado 26, mas, ao contrário de 1907, a pausa foi apenas temporária.  Durante o fim de semana, os eventos foram cobertos pelos jornais americanos. Em 28 de outubro, “Black Monday”, mais investidores enfrentaram chamadas de margem e decidiram sair do mercado e a queda continuou, implicando em uma perda recorde no Dow Jones para o dia de 38,33 pontos, ou 13%. No dia seguinte, "Black Tuesday", 29 de outubro de 1929, cerca de 16 milhões de ações foram negociadas com o pânico de vendas atingindo seu pico. Algumas ações realmente não tinham compradores a qualquer preço naquele dia. O índice Dow Jones perdeu 30 pontos adicionais, ou 12%. O volume de ações negociadas em 29 de outubro de 1929 foi um recorde que não foi quebrado por quase 40 anos. Em 29 de outubro, William C. Durant se juntou com membros da família Rockefeller e outros gigantes financeiros para comprar grandes quantidades de ações para demonstrar ao público a sua confiança no mercado, mas mesmo com seus esforços não conseguiram parar o grande declínio dos preços. Devido ao alto volume de ações negociadas naquele dia, o ticker não parou de funcionar até cerca de 7:45 daquela noite. O mercado havia perdido mais de US$ 30 bilhões no espaço de dois dias, o que incluiu US$ 14 bilhões só em 29 de outubro.

Depois de uma recuperação de um dia em 30 de outubro, onde o índice Dow Jones recuperou 28,40 pontos, ou 12%, para fechar em 258,47 pontos, o mercado continuou caindo, chegando a um fundo provisório em 13 de novembro de 1929, com o índice Dow Jones fechando em 198,60 pontos. O mercado recuperou-se por vários meses, começando em 14 de novembro, com o Dow ganhando 18,59 pontos para fechar em 217,28 pontos, e atingindo um pico de fechamento secundário (ou seja, rali do mercado de baixa) de 294,07 pontos, em 17 de abril de 1930. No ano seguinte, o índice Dow Jones embarcou em outra queda, muito mais longa, de abril de 1931 a 8 de julho de 1932, quando fechou em 41,22 pontos – o seu nível mais baixo do século XX, terminando com uma perda de 89% para todas as ações do mercado. Durante a maior parte da década de 1930, o índice Dow Jones começou a recuperar lentamente as perdas decorrentes do crash de 1929, em especial nos três anos seguintes, começando em 15 de março de 1933, com o maior aumento percentual de 15,34%, com o Dow Jones fechando a 62,10 pontos, alta de 8,26 pontos. Os maiores aumentos percentuais do Dow Jones ocorreram durante o início e meados da década de 1930. No final de 1937, houve uma queda acentuada no mercado de ações, mas os preços mantiveram-se bem acima dos mínimos de 1932. O mercado não retornaria ao pico de fechamento de 3 de setembro de 1929 até 23 de novembro de 1954.