A análise dos dados do dólar americano (USD) e do IBOVESPA (Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro) indicam uma forte correlação negativa de -0,94, em outras palavras, quando um sobe o outro provavelmente cairá. Por que isto acontece? Em primeiro lugar, entendamos o período da amostra: os dados analisados referem-se ao período compreendido entre janeiro de 2003 e junho de 2012. Vide gráfico abaixo:
Após a observação do gráfico fica claro que realmente tal fenômeno acontece. Tal fato pode ser observado claramente nos pregões (sessões em que se efetuam negócios com ativos registrados em uma bolsa, diretamente na sala de negociações e/ou por sistemas de negociação eletrônica) desta semana, com destaque para a terça-feira. Nesta quarta-feira, 18 de julho de 2012, o IBOVESPA subiu 1,25% enquanto o dólar caiu 0,03%. Na terça-feira, conforme previsto neste blog, o IBOVESPA subiu, a alta foi de 0,95%, enquanto o dólar caiu 0,71%. Na segunda-feira o IBOVESPA caiu 1,71%, conforme previsto neste blog, evidenciando o efeito segunda-feira, enquanto o dólar fechou estável.
Esta relação entre dólar e IBOVESPA pode ser explicada por alguns fatores, dentre os quais se destacam:
- O IBOVESPA tende a se valorizar (subir) quando os investidores estrangeiros direcionam seus recursos investindo em ações listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), ou mesmo investindo no mercado de futuros de índices, o qual inclui o IBOVESPA. Quando os dólares destes investidores ingressam no Brasil faz com que o montante de dólares aumente e, consequentemente, seu valor baixe [simplificando, da economia temos: quanto mais itens de um determinado ativo (produto, serviços, ações, moedas, etc) existe em um mercado, menos valioso é o ativo. Isto explica também o porquê da grande maioria dos médicos possuírem remuneração acima da média em relação a outras profissões, pelo baixo número de médicos diante da grande demanda da população. Isto é a conhecida lei da oferta e da procura].
- Outro fato relevante para esta forte correlação negativa é que os investidores tendem a buscar alocar seus recursos (investir) nos ativos que proporcionem maior rentabilidade e menor risco (teoricamente, visto que este conceito é referente à Moderna Teoria de Finanças, de mercados eficientes, onde todos os agentes do mercado têm acesso às informações concomitantemente. Em outras oportunidades veremos de forma mais aprofundada que atualmente há evidências que os investidores não efetuam seus investimentos baseados exclusivamente em fatores racionais e tão pouco têm acesso a informações em tempo real. Esta abordagem está sendo chamada de Finanças Comportamentais). Desta forma, como geralmente os retornos obtidos no mercado de capitais (simplificando, no caso em questão, IBOVESPA) são mais altos que outros tipos de investimentos, a tendência é que os investidores optem pelo mercado de capitais, caso estes soubessem de tal fato (por isso que não é possível concluir, a princípio, sobre a hipótese de mercados eficientes, visto que a informação não é percebida por boa parte dos participantes do mercado). Em contrapartida, em épocas de maior incerteza, como em crise financeiras globais, a tendência é que os investidores busquem alocar seus recursos em ativos mais seguros, que até pouco tempo eram os títulos do tesouro americano (ainda são, mas após a crise atual desencadeada nos Estados Unidos em 2007-2008 e que perdura até os dias atuais, muitos - em relação ao que era antes da crise - são os que não consideram tais títulos como a melhor opção de investimento - melhor trade-off entre risco e retorno), que pagam juros muito baixos, mas que têm baixíssima probabilidade de não pagamento (calote). Quando isto acontece e os investidores decidem investir em ativos de menor risco, porém de menor retorno, o volume de dólares que adentram no país diminui e, consequentemente, seu valor aumenta e o IBOVESPA cai pelo menor volume de investimentos, visto que o mercado de capitais é tido como mais arriscado.
Existem outros fatores que acarretam esta curiosidade - Dólar e IBOVESPA: quando um sobe o outro cai. Contudo, o intuito principal é mostrar que dólar e IBOVESPA possuem forte correlação negativa. Para quem ainda não tinha percebido tal correlação fica a dica! Acompanhem! Fica o compromisso de em próximos artigos aprofundar as análises sobre o dólar, o IBOVESPA e as Finanças Comportamentais.
http://economia.uol.com.br/cotacoes/ultimas-noticias/2012/07/18/bovespa-sobe-mais-de-1-e-dolar-fecha-quase-estavel-nesta-quarta-feira.jhtm
Para confirmar a teoria: Bovespa fecha em alta pelo terceiro dia e dólar cai a R$ 2,014
ResponderExcluirhttp://economia.uol.com.br/cotacoes/ultimas-noticias/2012/07/19/bovespa-fecha-em-alta-pelo-terceiro-dia-e-dolar-cai-a-r-2014.jhtm
A última sexta-feira também confirmou a forte correlação negativa entre dólar e IBOVESPA: Bovespa cai 2% e dólar sobe após cinco quedas!
ResponderExcluirhttp://economia.uol.com.br/cotacoes/ultimas-noticias/2012/07/20/bovespa-cai-2-e-dolar-sobe-apos-cinco-quedas-de-olho-na-espanha.jhtm