* Livre
tradução do texto “The Active Equity
Renaissance: Behavioral Financial Markets” **
Por C.
Thomas Howard
Coautoria
de Jason Voss, CFA
Na
série “O Renascimento da Gestão Ativa”, escrita por C. Thomas Howard, foram questionadas muitas ortodoxias da
moderna teoria do portfolio (MPT),
desafiando os modelos de mercados financeiros atualmente aceitos e explorando o
declínio da moderna teoria do portfolio
(MPT) e a loucura*** de usar a volatilidade como uma medida do risco de
investimento.
Mas,
ao minar os fundamentos da moderna teoria do portfolio (MPT), qual é a proposta para tomar o seu lugar?
Finanças
comportamentais é a alternativa mais promissora
É
hora de afastar-se da moderna teoria do portfolio
(MPT) para uma alternativa mais promissora: Finanças Comportamentais. As
ferramentas analíticas derivadas das Finanças Comportamentais são uma
representação mais realista dos mercados financeiros e do comportamento humano e provavelmente substituirão as ferramentas limitadoras de riqueza da moderna
teoria do portfolio (MPT) em uso
atualmente. Infelizmente, essas mesmas ferramentas desatualizadas e ineficazes
da MPT ajudam a selecionar e avaliar gerentes de gestão ativa de investimentos.
Abandonar tais instrumentos obsoletos é crítico para inaugurar "O Renascimento
da Gestão Ativa".
Um
modelo comportamental totalmente desenvolvido dos mercados financeiros ainda
não existe, mas vários conceitos subjacentes e suas implicações resultantes para
a gestão de investimentos estão surgindo.
Futura
Estrutura dos Investimentos
Os
mercados financeiros são povoados por investidores humanos sobrecarregados com
bagagem emocional e erros cognitivos associados. Em um contexto de mercado,
esses erros são amplificados porque, no conjunto, eles criam o rebanho, o que
leva a oscilações bruscas de preços. Multidões emocionais turbulentas causam
extrema volatilidade dos retornos nos mercados financeiros. Não procure mais do
que bolhas de preço do mercado de ações para evidenciar essas turbulências emocionais.
Conceito Comportamental 1: multidões emocionais, não mudanças nos fundamentos,
impulsionam movimentos de preços nos mercados financeiros.
Os
mercados financeiros não podem ser cuidadosamente embalados em um conjunto de
equações matemáticas***. Os mercados são confusos e a única maneira de fazer
sentido é vê-los em toda a sua desordem.
Nunca
entenderemos porque os mercados e seus valores mobiliários subjacentes movem-se
da mesma forma novamente em períodos de tempo mais curtos. Portanto, se nos
perguntarem por que razão o mercado, uma ação ou outro valor mobiliário se
movimentaram da mesma forma que em um determinado dia, a resposta honesta é
quase sempre: "Não faço ideia". De fato, a pesquisa demonstra que
apenas uma porcentagem mínima do mercado transaciona em um dado dia. No
entanto, investidores e jornalistas de investimento sempre atribuem uma
justificativa aos movimentos do mercado mesmo quando a causalidade implícita é
quimérica (impossível de realizar, irreal). Inconcebível como isto pode ser, é um efeito do
nosso primeiro conceito comportamental: Emoções – não fundamentos – são os
principais motores dos mercados financeiros.
Conceito Comportamental 2: Os investidores não são racionais e os
mercados financeiros não são informacionalmente eficientes.
Este
conceito é diretamente contrário a alguns dos principais conceitos da teoria
das finanças do século XX: que é esperado que os investidores sejam maximizadores de
utilidade e que os preços de mercado refletem todas as informações relevantes.
A
pesquisa de economia comportamental dizima o modelo de utilidade esperada. É
praticamente impossível para um indivíduo coletar todas as informações
necessárias e, em seguida, processar com precisão essa informação para chegar a
uma decisão racional. Isso é conhecido como racionalidade limitada, introduzida
pela primeira vez pelo economista Herbert Simon.
Ainda
mais prejudicial, Daniel Kahneman, Amos Tversky e outros demonstraram de forma
convincente que, mesmo quando todas as informações estão disponíveis, os
indivíduos são altamente suscetíveis a erros cognitivos. Como concluíram
Kahneman e Tversky após anos de pesquisa, os seres humanos normalmente não são “decisores
racionais”, não tomam decisões racionalmente.
O
próprio conceito de "utilidade" é falho. Se a utilidade procura
injetar uma medida da felicidade na teoria econômica, então que aspecto da
felicidade é medida: esperada, realizada ou lembrada? A pesquisa descobre que
essas três são bastante diferentes, mesmo quando a mesma pessoa experimenta
cada uma. A felicidade e, por sua vez, a utilidade são conceitos
irremediavelmente maleáveis.
Uma
vez que estamos fortemente predispostos a cometer erros cognitivos devido às
nossas emoções, então é preciso apenas um pequeno passo para concluir que os
mercados não podem ser informacionalmente eficientes. A evidência que sustenta
esta conclusão é vasta: há centenas de anomalias estatisticamente verificadas
na literatura acadêmica e mais continuam a ser encontradas.
Implicações para a gestão de
investimentos
Uma
imagem sombria dos mercados emerge: investidores emocionais, com suas
tendências cognitivas e instinto de manada, constantemente afastam os preços do
valor fundamental subjacente. Inesperadamente, analisar
os mercados através de uma lente comportamental fornece uma estrutura mais
confiável. Por quê? Porque os indivíduos raramente mudam seus comportamentos. E investidores que seguem as
multidões são ainda menos inclinados a alterar seu comportamento coletivo.
Conceito
Comportamental 3: As
emoções dos investidores são o determinante mais importante da riqueza de longo
prazo em uma carteira de investimentos.
Devemos
considerar as emoções dos investidores e o comportamento resultante em todas as
fases da gestão de investimentos. O processo começa com o planejamento baseado
nas necessidades do cliente, no qual um portfolio
separado é construído para cada necessidade diferente. Esta fase de
planejamento inicial é fundamental para remover as emoções dos investidores do
processo de construção de riqueza.
Para
a parcela de crescimento da carteira, o foco está em um horizonte de
investimento longo. A tarefa do consultor é encorajar os clientes a adotar essa
visão de longo prazo, evitando ao mesmo tempo reações emocionais a eventos de
curto prazo. As evidências indicam que tais decisões míopes de aversão a perda
têm um efeito profundamente negativo sobre a riqueza. Coaching emocional é um dos serviços mais importantes que um
consultor pode oferecer aos clientes.
Se
o planejamento baseado nas necessidades for bem-sucedido, a carteira de
crescimento pode ser investida em grande parte em altos retornos esperados, mas
em títulos voláteis de curto prazo, como ações. É certo que é um desafio manter
os clientes totalmente investidos evitando ao mesmo tempo decisões de
negociação onerosas quando os mercados se tornam voláteis.
Distorções comportamentais dos
preços
Quando
um evento como o surpreendente voto pelo Brexit
desencadeia nossas emoções, a maioria de nós reage de forma semelhante. Esta
resposta coletiva é ampliada ainda mais pelo rebanho, manada. De fato, o efeito
manada pode ocorrer mesmo sem um evento externo. Reagimos coletivamente porque
vemos todos reagir, mesmo que nós não soubermos a razão para a dispersão (fuga) repentina.
Multidões
emocionais turbulentas nos mercados criam oportunidades de compra numerosas
para aqueles que não estão envolvidos no momento. Referimo-nos a essas
oportunidades como distorções comportamentais dos preços.
Em
contraste, estas são chamadas de “anomalias” na literatura acadêmica porque sua
existência é inconsistente com a hipótese de mercado eficiente (EMH). Quando elas
são incluídas nos modelos de precificação de ativos ou na construção de portfolios beta inteligentes, elas são
chamadas de “fatores”. Preferimos o termo distorções comportamentais de preço
porque elas são a consequência do comportamento emocional coletivo.
Conceito
Comportamental 4: As
distorções comportamentais dos preços são comuns nos mercados financeiros e
podem ser usadas para construir estratégias de investimento bem-sucedidas.
As
distorções são os ingredientes que os gerentes ativos usam ao criar uma
estratégia de investimento. No caso de beta inteligente, eles são toda a
estratégia. Para outros gerentes ativos, elas representam apenas uma parte da
estratégia porque a “receita” ou o processo de tomada de decisão de um gerente
de investimentos compõem o resto. As distorções comportamentais dos preços são
essenciais para uma gestão ativa bem-sucedida.
Uma Nova Visão Mundial
Ver
os investidores e os mercados como tomadores de decisões emocionais e ruins em
vez de entidades computacionais racionais nos força a reconsiderar todos os
aspectos da gestão de investimentos. Esses conceitos comportamentais fornecem a
estrutura para repensar o planejamento financeiro do cliente, a alocação de
ativos, a seleção de gestores de investimentos e a criação e execução de
estratégias de investimento.
“Mudar para uma perspectiva comportamental é o primeiro passo para
se tornar um analista financeiro comportamental. Pode parecer um passo radical,
mas realmente é apenas o reconhecimento formal do óbvio. A sabedoria é ver o
mundo pelo que é, não pelo que gostaríamos que fosse.”
Após
o reconhecimento vem uma transição formal para ferramentas analíticas
melhoradas, várias das quais C. Thomas Howard pretende destacar em futuros artigos. Essas
ferramentas são as precursoras do "Renascimento da Gestão Ativa".
**Fonte:
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