terça-feira, 9 de maio de 2017

O Renascimento da Gestão Ativa: Mercados Financeiros Comportamentais *

* Livre tradução do texto “The Active Equity Renaissance: Behavioral Financial Markets” **
Por C. Thomas Howard
Coautoria de Jason Voss, CFA

Na série “O Renascimento da Gestão Ativa”, escrita por C. Thomas Howard, foram questionadas muitas ortodoxias da moderna teoria do portfolio (MPT), desafiando os modelos de mercados financeiros atualmente aceitos e explorando o declínio da moderna teoria do portfolio (MPT) e a loucura*** de usar a volatilidade como uma medida do risco de investimento.

Mas, ao minar os fundamentos da moderna teoria do portfolio (MPT), qual é a proposta para tomar o seu lugar?


Finanças comportamentais é a alternativa mais promissora

É hora de afastar-se da moderna teoria do portfolio (MPT) para uma alternativa mais promissora: Finanças Comportamentais. As ferramentas analíticas derivadas das Finanças Comportamentais são uma representação mais realista dos mercados financeiros e do comportamento humano e provavelmente substituirão as ferramentas limitadoras de riqueza da moderna teoria do portfolio (MPT) em uso atualmente. Infelizmente, essas mesmas ferramentas desatualizadas e ineficazes da MPT ajudam a selecionar e avaliar gerentes de gestão ativa de investimentos. Abandonar tais instrumentos obsoletos é crítico para inaugurar "O Renascimento da Gestão Ativa".

Um modelo comportamental totalmente desenvolvido dos mercados financeiros ainda não existe, mas vários conceitos subjacentes e suas implicações resultantes para a gestão de investimentos estão surgindo.


Futura Estrutura dos Investimentos

Os mercados financeiros são povoados por investidores humanos sobrecarregados com bagagem emocional e erros cognitivos associados. Em um contexto de mercado, esses erros são amplificados porque, no conjunto, eles criam o rebanho, o que leva a oscilações bruscas de preços. Multidões emocionais turbulentas causam extrema volatilidade dos retornos nos mercados financeiros. Não procure mais do que bolhas de preço do mercado de ações para evidenciar essas turbulências emocionais.


Conceito Comportamental 1: multidões emocionais, não mudanças nos fundamentos, impulsionam movimentos de preços nos mercados financeiros.

Os mercados financeiros não podem ser cuidadosamente embalados em um conjunto de equações matemáticas***. Os mercados são confusos e a única maneira de fazer sentido é vê-los em toda a sua desordem.

Nunca entenderemos porque os mercados e seus valores mobiliários subjacentes movem-se da mesma forma novamente em períodos de tempo mais curtos. Portanto, se nos perguntarem por que razão o mercado, uma ação ou outro valor mobiliário se movimentaram da mesma forma que em um determinado dia, a resposta honesta é quase sempre: "Não faço ideia". De fato, a pesquisa demonstra que apenas uma porcentagem mínima do mercado transaciona em um dado dia. No entanto, investidores e jornalistas de investimento sempre atribuem uma justificativa aos movimentos do mercado mesmo quando a causalidade implícita é quimérica (impossível de realizar, irreal). Inconcebível como isto pode ser, é um efeito do nosso primeiro conceito comportamental: Emoções – não fundamentos – são os principais motores dos mercados financeiros.


Conceito Comportamental 2: Os investidores não são racionais e os mercados financeiros não são informacionalmente eficientes.

Este conceito é diretamente contrário a alguns dos principais conceitos da teoria das finanças do século XX: que é esperado que os investidores sejam maximizadores de utilidade e que os preços de mercado refletem todas as informações relevantes.

A pesquisa de economia comportamental dizima o modelo de utilidade esperada. É praticamente impossível para um indivíduo coletar todas as informações necessárias e, em seguida, processar com precisão essa informação para chegar a uma decisão racional. Isso é conhecido como racionalidade limitada, introduzida pela primeira vez pelo economista Herbert Simon.

Ainda mais prejudicial, Daniel Kahneman, Amos Tversky e outros demonstraram de forma convincente que, mesmo quando todas as informações estão disponíveis, os indivíduos são altamente suscetíveis a erros cognitivos. Como concluíram Kahneman e Tversky após anos de pesquisa, os seres humanos normalmente não são “decisores racionais”, não tomam decisões racionalmente.

O próprio conceito de "utilidade" é falho. Se a utilidade procura injetar uma medida da felicidade na teoria econômica, então que aspecto da felicidade é medida: esperada, realizada ou lembrada? A pesquisa descobre que essas três são bastante diferentes, mesmo quando a mesma pessoa experimenta cada uma. A felicidade e, por sua vez, a utilidade são conceitos irremediavelmente maleáveis.

Uma vez que estamos fortemente predispostos a cometer erros cognitivos devido às nossas emoções, então é preciso apenas um pequeno passo para concluir que os mercados não podem ser informacionalmente eficientes. A evidência que sustenta esta conclusão é vasta: há centenas de anomalias estatisticamente verificadas na literatura acadêmica e mais continuam a ser encontradas.


Implicações para a gestão de investimentos

Uma imagem sombria dos mercados emerge: investidores emocionais, com suas tendências cognitivas e instinto de manada, constantemente afastam os preços do valor fundamental subjacente. Inesperadamente, analisar os mercados através de uma lente comportamental fornece uma estrutura mais confiável. Por quê? Porque os indivíduos raramente mudam seus comportamentos. E investidores que seguem as multidões são ainda menos inclinados a alterar seu comportamento coletivo.


Conceito Comportamental 3: As emoções dos investidores são o determinante mais importante da riqueza de longo prazo em uma carteira de investimentos.

Devemos considerar as emoções dos investidores e o comportamento resultante em todas as fases da gestão de investimentos. O processo começa com o planejamento baseado nas necessidades do cliente, no qual um portfolio separado é construído para cada necessidade diferente. Esta fase de planejamento inicial é fundamental para remover as emoções dos investidores do processo de construção de riqueza.

Para a parcela de crescimento da carteira, o foco está em um horizonte de investimento longo. A tarefa do consultor é encorajar os clientes a adotar essa visão de longo prazo, evitando ao mesmo tempo reações emocionais a eventos de curto prazo. As evidências indicam que tais decisões míopes de aversão a perda têm um efeito profundamente negativo sobre a riqueza. Coaching emocional é um dos serviços mais importantes que um consultor pode oferecer aos clientes.

Se o planejamento baseado nas necessidades for bem-sucedido, a carteira de crescimento pode ser investida em grande parte em altos retornos esperados, mas em títulos voláteis de curto prazo, como ações. É certo que é um desafio manter os clientes totalmente investidos evitando ao mesmo tempo decisões de negociação onerosas quando os mercados se tornam voláteis.


Distorções comportamentais dos preços

Quando um evento como o surpreendente voto pelo Brexit desencadeia nossas emoções, a maioria de nós reage de forma semelhante. Esta resposta coletiva é ampliada ainda mais pelo rebanho, manada. De fato, o efeito manada pode ocorrer mesmo sem um evento externo. Reagimos coletivamente porque vemos todos reagir, mesmo que nós não soubermos a razão para a dispersão (fuga) repentina.

Multidões emocionais turbulentas nos mercados criam oportunidades de compra numerosas para aqueles que não estão envolvidos no momento. Referimo-nos a essas oportunidades como distorções comportamentais dos preços.

Em contraste, estas são chamadas de “anomalias” na literatura acadêmica porque sua existência é inconsistente com a hipótese de mercado eficiente (EMH). Quando elas são incluídas nos modelos de precificação de ativos ou na construção de portfolios beta inteligentes, elas são chamadas de “fatores”. Preferimos o termo distorções comportamentais de preço porque elas são a consequência do comportamento emocional coletivo.


Conceito Comportamental 4: As distorções comportamentais dos preços são comuns nos mercados financeiros e podem ser usadas para construir estratégias de investimento bem-sucedidas.

As distorções são os ingredientes que os gerentes ativos usam ao criar uma estratégia de investimento. No caso de beta inteligente, eles são toda a estratégia. Para outros gerentes ativos, elas representam apenas uma parte da estratégia porque a “receita” ou o processo de tomada de decisão de um gerente de investimentos compõem o resto. As distorções comportamentais dos preços são essenciais para uma gestão ativa bem-sucedida.


Uma Nova Visão Mundial

Ver os investidores e os mercados como tomadores de decisões emocionais e ruins em vez de entidades computacionais racionais nos força a reconsiderar todos os aspectos da gestão de investimentos. Esses conceitos comportamentais fornecem a estrutura para repensar o planejamento financeiro do cliente, a alocação de ativos, a seleção de gestores de investimentos e a criação e execução de estratégias de investimento.

“Mudar para uma perspectiva comportamental é o primeiro passo para se tornar um analista financeiro comportamental. Pode parecer um passo radical, mas realmente é apenas o reconhecimento formal do óbvio. A sabedoria é ver o mundo pelo que é, não pelo que gostaríamos que fosse.”

Após o reconhecimento vem uma transição formal para ferramentas analíticas melhoradas, várias das quais C. Thomas Howard pretende destacar em futuros artigos. Essas ferramentas são as precursoras do "Renascimento da Gestão Ativa".


**Fonte:


*** Alguns trechos do artigo não representam necessariamente a opinião do blog https://gestaofinanceirapersonalizada.blogspot.com.br



sábado, 6 de maio de 2017

O alfabeto grego

O uso de letras gregas é comum na escrita na matemática em geral e, consequentemente, em finanças, derivativos, etc. Conceitos importantes sobre derivativos utilizam nomes de letras gregas como “delta” e “gama”, por exemplo.

A Tabela 1 apresenta o alfabeto grego completo, incluindo as formas minúsculas e maiúsculas. Algumas das letras parecem com suas contrapartes romanas.



terça-feira, 2 de maio de 2017

Sell In May And Go Away*

* Parte do artigo é a livre tradução do texto “Sell in May and go away”**
** Por Investopedia***

O que significa “Sell In May And Go Away” (vender em maio e ir embora)?

Vender em maio e ir embora é um adágio de negociação bem conhecido que adverte os investidores a vender suas ações em maio para evitar um declínio sazonal nos mercados de ações. A estratégia vender em maio e ir embora ocorre quando um investidor vende suas participações em maio e retorna ao mercado de ações em novembro, evitando assim o período tipicamente volátil de maio a outubro. Alguns investidores acham esta estratégia mais gratificante do que ficar nos mercados de ações ao longo do ano.

Esta estratégia baseia-se no baixo desempenho histórico das ações no período de seis meses que começa em maio e termina em outubro, em comparação com o período de seis meses de novembro a abril.


Origem da frase “Sell In May And Go Away” (vender em maio e ir embora)

A frase venda em maio e vá embora é provavelmente relacionada a um velho provérbio inglês, “venda em maio e vá embora, e volte no dia do St. Leger”. Esta frase se refere ao costume de aristocratas, comerciantes e banqueiros que gostavam de deixar a cidade de Londres e ir para o interior para escapar do calor durante os meses de verão. O dia de St. Leger refere-se às apostas de St. Leger, uma corrida de cavalos puro sangue em meados de setembro e é a última fase da British Triple Crown (a Tríplice Coroa Inglesa consiste em três competições de corrida de cavalos da raça Puro Sangue Inglês).

Os traders americanos que provavelmente passarão mais tempo de férias entre o Memorial Day (última segunda-feira de maio) e o Dia do Trabalho (primeira segunda-feira de setembro) imitam esta tendência e adotaram a frase como um adágio de investimento. No entanto, os números também apoiam um pouco desta sabedoria popular.


Os mercados caem em maio?

Desde 1950, o índice Dow Jones Industrial Average (DJIA) teve um retorno médio de apenas 0,3% durante o período de maio a outubro, em comparação com um ganho médio de 7,5% no período de novembro a abril. Embora as razões exatas para este padrão de negociação sazonal não sejam conhecidas, volumes de negociação mais baixos devido aos meses de férias de verão e aumento dos fluxos de investimento durante os meses de inverno são citados como razões contributivas para a discrepância no desempenho entre maio-outubro e novembro-abril, respectivamente.


Desvantagem de “Sell In May And Go Away” (vender em maio e ir embora)

Há limitações para a implementação desta estratégia na prática, como custos adicionais de transação e implicações fiscais (da rotação da compra e venda de ações). Outro inconveniente é que o timing do mercado e as estratégias de sazonalidade nem sempre funcionam, e os resultados reais podem ser muito diferentes dos teóricos.


Alternativas para “Sell In May And Go Away” (vender em maio e ir embora)

Em vez de vender em maio, alguns analistas recomendam rotação. Isso significa que os investidores não devem retirar seus investimentos, mas devem, em vez disso, variá-los e se concentrar em produtos que tendem a ser menos afetados pelo crescimento lento geral nos mercados durante o verão e início do outono (do hemisfério norte). Por exemplo, as ações de bens de consumo e de saúde/assistência médica tendem a ter um crescimento médio maior durante o período de maio a outubro.


A verdade sobre “Sell in May and Go Away” ****
**** Livre tradução do texto “The Truth About "Sell in May and Go Away” *****
***** Investopedia por Mark Kolakowski******

Um velho ditado aconselha investidores em ações para “Sell in May and Go Away”. Tal fato baseia-se na premissa de que os seis meses de “verão” de maio a outubro geralmente registram ganhos menores do que os seis meses de “inverno” de novembro a abril. Analistas técnicos do Bank of America Merrill Lynch, uma divisão do Bank of America Corp. (BAC), e Mark Hulbert (um pesquisador de longa data de estratégias de investimento) ofereceram suas próprias opiniões recentemente. Outros analistas apontam para estudos empíricos sobre a superioridade do buy-and-hold (comprar e manter) investindo em estratégias de market timing como essa.


Venda prematura em maio

Analistas do Merrill Lynch afirmam que maio registra um avanço do mercado de ações em 57% do tempo, enquanto o movimento médio é um pequeno declínio de 0,06%, conforme relatado na Carteira Mensal de Mercados Globais datada de 18 de abril de 2017. Segundo dados iniciados em 1928, o período junho-agosto normalmente é o segundo melhor do ano, com ganhos em 63% do tempo, e um retorno médio de 2,97%, indica Merrill Lynch. Além disso, eles escrevem que um maio fraco normalmente anuncia um período “mais robusto” de junho a agosto. Se houver tempo para vender no verão, normalmente seria em julho-agosto, acrescenta Merrill Lynch.


Não aplicável este ano

Com base em novas pesquisas, o padrão sazonal “Sell in May and Go Away”, também chamado de indicador Halloween ou estratégia Halloween, na verdade só é válido no terceiro ano de um mandato presidencial dos Estados Unidos, afirma Mark Hulbert em sua coluna MarketWatch. Nos outros três anos, não há um padrão estatisticamente significativo, diz ele. Consequentemente, aconselha seus leitores que “não apostem neste ano” (já que não é o terceiro ano de mandato presidencial nos Estados Unidos).

Analisando os dados de 1897 em diante, Hulbert verificou que o período de “inverno” no terceiro ano de um mandato presidencial apresenta ganho médio de 11%, enquanto no “verão” apresenta uma ligeira perda. Nos anos um, dois e quatro, “invernos” apresentaram retornos próximos de 3%, enquanto os “verões” ganharam cerca de 2%. Hulbert é famoso por analisar os registros de trilhas de boletins de investimento através de seu Hulbert Financial Digest (publicado de 1980-2016) e seu sistema de classificação Hulbert.


Melhor comprar e manter (Buy-and-Hold)

Usando 142 anos de dados, os analistas do CXO Advisory Group, com sede na Virgínia, analisaram três estratégias: (1) manter ações de novembro a abril e dinheiro de maio a outubro; (2) fazer o oposto e (3) manter ações durante todo o ano. Enquanto a estratégia (1) apresentou melhores retornos do que (2), a estratégia (3) foi de longe a melhor, sua superioridade ampliada quando os custos de transação foram considerados na análise, de acordo com a revista Forbes. Um estudo semelhante, baseado em dados mais recentes de 20 anos, deu a mesma conclusão, por Wall Street Daily (figura 1).


Figura 1. Linha vermelha expressa a compra de ações (representada pelo S&P 500) de novembro até abril (estratégia “Sell in May and Go Away”). Linha azul representando a compra de ações (representada pelo S&P 500) de maio a outubro (estratégia contrária a “Sell in May and Go Away”) e a linha verde expressa a estratégia Buy-and-Hold (comprar e manter), independentemente do período.


O estrategista de ações Sam Stovall, da S&P Global Market Intelligence, expressou seu próprio ceticismo em relação ao “Buy in May and Go Away”. No ano passado, observando que o índice S&P 500 (SPX) avançou em média 1,4% nos meses de “verão” desde 1945, Stovall aconselhou os clientes que “um retorno anualizado de 1,4% é melhor do que seria em dinheiro, pelo menos no passado recente, e o S&P 500 subiu de preço durante este período sazonalmente suave 63% do tempo”, como ele citou na USA Today.


Sell In May And Go Away” no Brasil e conclusão

O gráfico IBOVESPA (figura 2) mostra uma clara configuração de “Sell In May And Go Away”, entretanto com a ressalva que tal fato ocorreu mais fortemente devido a maior crise do mercado financeiro desde a Grande Depressão de 1929, a crise de 2008.


Figura 2. IBOVESPA mensal. Sell In May And Go Away” ocorrido durante a crise de 2008.


Sell In May And Go Away” é uma clara anomalia de mercado que realmente ocorre em alguns anos e que na média de longos períodos apresenta melhor desempenho que uma estratégia contrária, mas com menor retorno em relação a estratégia “Buy-and-Hold” (muito em parte pelos custos de transação), como observado nos estudos do Wall Street Daily (figura 1), CXO Advisory Group e Mark Hulbert, este último considerando a estratégia “Sell In May And Go Away” estatisticamente válida apenas para o terceiro ano de um mandato presidencial dos Estados Unidos. Como em toda operação de renda variável, indica-se muita cautela na utilização de anomalias de mercado como a “Sell In May And Go Away”. Pode ser que o período da venda durante o mês de maio implique em grande impacto, por exemplo, o auge, o topo, do IBOVESPA em 2008 foi no dia 20 de maio. Caso a venda tivesse sido realizada no primeiro dia de operação da bolsa em maio (02 de maio de 2008, para o caso em análise), o investidor teria perdido ou deixado de ganhar 6% com a alta do período de 02 a 20 de maio de 2008. Da mesma forma, caso o investidor tivesse voltado ao mercado apenas no primeiro dia de novembro (03 de novembro de 2008, para o caso em questão), deixaria de ter ganho ou mesmo perderia 30% de alta que ocorreu entre 27 de outubro a 03 de novembro de 2008. Então, conclui-se que não existe uma fórmula perfeita para entender como o mercado irá variar, qual é o melhor período para o investimento ou desinvestimento depende tanto de fatores sazonais como também do momento efetivo da análise, seja utilizando análise técnica, tape reading ou mesmo análise fundamentalista.





OBS: O autor do blog não se responsabiliza por nenhuma operação que for ou vier a ser realizada por qualquer leitor baseados nas informações aqui fornecidas, cabendo a eles, exclusivamente, a decisão de adquirir ou alienar valores mobiliários e o eventual ônus ou retorno financeiro decorrente de tal decisão. Qualquer decisão de compra ou venda de títulos e valores mobiliários deverá ser baseada em informações públicas existentes sobre os referidos títulos. Atenção ao investir em renda variável. O investidor deve estar ciente de que rentabilidade passada não significa certeza de rentabilidade futura.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

O renascimento da gestão ativa: a ascensão e queda da moderna teoria do portfolio*

*Livre tradução do texto “The Active Equity Renaissance: The Rise and Fall of MPT”**
Por C. Thomas Howard
Coautoria de Jason Voss, CFA


No início do século XVIII, Daniel Bernoulli propôs que os indivíduos maximizam a utilidade esperada quando tomam decisões sob incerteza. Este raciocínio lançou o modelo de racionalidade do comportamento humano que sustenta muitas das teorias de hoje em economia e finanças, incluindo a moderna teoria do portfolio (MPT). Os modelos matemáticos que brotaram dessas teorias fornecem um ordenamento atrativo enquanto obscurecem a desordem comportamental dos mercados financeiros do mundo real.


A ascensão da moderna teoria do portfolio

Pilar I

Em 1952, Harry Markowitz publicou seu artigo sobre a seleção de carteiras (portfolio selection), argumentando que as carteiras devem otimizar o retorno esperado em relação à volatilidade, com a volatilidade medida como a variância do retorno. Ele propôs a agora onipresente fronteira eficiente. Em meados da década de 1960, esse modelo de média-variância havia se tornado um pilar dentro dos departamentos acadêmicos de finanças.

Pilar II

Combinando o modelo de Markowitz com pressupostos restritivos sobre racionalidade do investidor, disponibilidade de informações e estrutura de negociação do mercado, Bill Sharpe (e outros) derivaram um modelo de equilíbrio do mercado de capitais em meados da década de 1960. Logo, o modelo de precificação de ativos de capital (CAPM) tornou-se um princípio central da moderna teoria do portfolio (MPT).

Pilar III

Eugene Fama criou o último pilar da moderna teoria do portfolio (MPT), em meados dos anos 1960, em talvez a mais famosa tese de doutorado de finanças da geração. Estendendo o conceito de investidores racionais à sua conclusão lógica, Fama propôs a hipótese de mercados eficientes (EMH), hipótese esta que considera que os preços do mercado financeiro refletem todas as informações relevantes e, assim, gerar retornos excedentes através da gestão ativa seria impossível.

A moderna teoria do portfolio (MPT) rapidamente se tornou o paradigma ascendente. Para os analistas quantitativos que dominavam a indústria de investimentos uma teoria simples como a moderna teoria do portfolio (MPT) que explicava os confusos mercados financeiros era muito atraente. Agora eles tinham uma teoria rigorosa dos mercados e uma abordagem racional para a construção de carteiras de investimento.

Mas sua concepção não poderia estar mais longe da verdade.


A queda da moderna teoria do portfolio (MPT)

Os primeiros tiros foram disparados através da proa da moderna teoria do portfolio (MPT) no final da década de 1970.

Os testes empíricos iniciais do modelo de precificação de ativos de capital (CAPM) revelaram retornos negativos em relação ao beta, o oposto do que foi previsto. Em vez de rejeitar o CAPM, no entanto, a disciplina respondeu procurando por problemas estatísticos nesses testes.

Como a hipótese de mercados eficientes (EMH) foi atacada, a pesquisa de Sanjay Basu demonstrou que ações com baixa relação preço-lucro (P/E) superaram as ações com alta relação preço-lucro (P/E). No início da década de 1980, Rolf Banz mostrou que as ações de pequena capitalização (small-cap) superavam as ações de grande capitalização (large-cap). O problema, é claro, é que tanto o P/E quanto o tamanho da empresa são informações públicas e não devem permitir que os investidores ganhem retornos excessivos.

Em resposta, os proponentes da hipótese de mercados eficientes (EMH) integraram essas anomalias em um novo “modelo fatorial", embora admitissem que não sabiam se o modelo capturava risco ou oportunidade. Ironicamente, essas anomalias foram usadas pelos adjuntos da indústria financeira – consultores de investimento, por exemplo – para criar a algema clássica da gestão de ativos, a caixa de estilo (style box). Por sua vez, a caixa de estilo involuntariamente levou a restrições adicionais a gestão ativa, como drift de estilo e erro de rastreamento.

Esses mesmos proponentes também argumentaram que a hipótese de mercados eficientes (EMH) permaneceria viável enquanto os gestores ativos não pudessem usar as anomalias de mercado para obter retornos excessivos. Mas nos últimos 20 anos, vários estudos mostraram que muitos gestores ativos de ações selecionam ações com retornos superiores e, de fato, ganham retornos excessivos nessas participações. Russ Wermers demonstrou que o estoque médio mantido por fundos de investimento em ações ativos gera um alfa de 1,3%, e Randolph B. Cohen, Christopher Polk e Bernhard Silli descobriram que ações ex-ante “best ideas” (melhores ideias) ganham um alfa de 6%.

No início da década de 1980, Robert Shiller argumentou que quase toda a volatilidade observada no mercado de ações, mesmo numa base anual, era ruído em vez do resultado de mudanças nos fundamentos. Uma vez que a hipótese de mercados eficientes (EMH) afirmava que os preços refletem plenamente todas as informações relevantes, a volatilidade impulsionada por qualquer outra coisa além dos fundamentos atinge o cerne da teoria.

O modelo de mercado ruidoso de Shiller também criou problemas para a otimização de portfolio de Markowitz. Se a volatilidade é o resultado de tumultos emocionais, então a emoção tem sido colocada no meio do processo de construção de um portfolio (carteira).

Então, ao invés de ser uma otimização do risco-retorno, é uma otimização da emoção-retorno.

Em resumo, os três pilares que apoiam a hipótese de mercados eficientes (EMH) foram derrubados.


Rejeitando o mundo ao invés do paradigma

Grande parte das finanças coloca de lado a evidência contrária e continua sob o domínio do paradigma da moderna teoria do portfolio (MPT). Isso pode parecer surpreendente: finanças não é uma disciplina baseada no empirismo, que só aceita conceitos apoiados por evidências? Infelizmente, como Thomas Kuhn argumentou anos atrás em seu trabalho clássico, “The Structure of Scientific Revolutions” (a estrutura das revoluções científicas), organizações científicas e profissionais são humanos e são suscetíveis aos mesmos erros cognitivos que afligem a tomada de decisão individual.

Os conceitos subjacentes à moderna teoria do portfolio (MPT) não foram rejeitados. Em vez disso, eles são amplamente utilizados em estudos e aparecem em livros didáticos em todo o mundo. A onipresença da moderna teoria do portfolio (MPT) confirma sua legitimidade através da validação social e não de evidências empíricas. A tomada de decisão emocional é desenfreada no que é suposto ser uma disciplina racional.

Só porque algo é amplamente utilizado não significa que é útil. A sabedoria convencional é muitas vezes errada.


Deixe a transição começar

Após décadas, há pouca evidência para apoiar a moderna teoria do portfolio (MPT). É hora de seguir em frente. Há uma maneira alternativa de ver os mercados de valores mobiliários, seus movimentos e seus participantes: finanças comportamentais.

Em algum ponto, a indústria fará a transição da moderna teoria do portfolio (MPT) por outra teoria. As finanças comportamentais é a principal candidata. Então o mundo do investimento como nós o conhecemos será mudado para sempre. Como observa Kuhn, quando os paradigmas mudam, tudo muda, incluindo conceitos básicos, fatos, história, ferramentas e metodologias.

Após a poeira assentar, praticamente nada da moderna teoria do portfolio (MPT) permanecerá.

A última ironia da racionalidade baseada na moderna teoria do portfolio (MPT) é que dá a consultores e analistas as ferramentas para impor “The Cult of Emotion” (o culto da emoção), incluindo volatilidade como risco, fronteira eficiente, captura de downside (desvantagem, queda), risco de downside, R-quadrado e razão de Sharpe.

A lei das consequências não intencionais não deve ter a última palavra. A moderna teoria do portfolio (MPT) perde a força na história, assim como essas ferramentas. É apenas mais um passo no caminho para o renascimento da gestão ativa.





sábado, 3 de dezembro de 2016

O custo do crédito para Pessoa Física no Brasil em novembro de 2016, segundo dados do Banco Central

Todos já sabem que o crédito no Brasil é muito caro e analisar quais as modalidades de crédito e quais instituições financeiras ofertam crédito menos oneroso é imperativo para conseguir viabilizar as necessidades, desejos, sonhos, dos consumidores, mitigando a possibilidade de possíveis incômodos futuros, como inadimplência e até menos a perda de bens.

A principal modalidade de crédito a ser evitada é a utilização do rotativo do cartão de crédito que chega a cobrar 25,01% ao mês, ou absurdos 1.357,04% ao ano, isto na instituição financeira AVISTA S.A. CFI. Mas não se engane que é só o rotativo do cartão de crédito que chega a cobrar mais de 1.000% ao ano. O crédito pessoal não consignado chega a 1.109,38% ao ano na AGIPLAN FINANCEIRA S.A. – CFI e a 1.071,98% ao ano na FACTA S.A. CFI. Isso quer dizer que se alguém tomasse emprestado R$ 10 mil junto a uma dessas instituições, após um ano estaria devendo R$ 120 mil. Absurdo? Sim, absurdo! Mas isto só ocorre porque existe demanda, porque pessoas desesperadas que não conseguem obter crédito em instituições financeiras tradicionais acabam aceitando esta verdadeira extorsão, mas ressalta-se que tal atividade é “legal” – apesar de imoral – já que existe a fiscalização pelo Banco Central do Brasil. Outras instituições financeiras um pouco mais conhecidas também disponibilizam crédito pessoal não consignado a taxas superiores a 800% ao ano, como a CREFISA S.A. CFI, que cobra em média 917,61% ao ano, e o Banco Gerador S.A., com taxa anual de 857,38%.

Após o rotativo do cartão de crédito e o crédito pessoal não consignado, segue o cheque especial como modalidade de crédito mais cara, que pode chegar a 16,47% ao mês, ou 523,23% ao ano, no Banco Mercantil do Brasil S.A.. Em seguida aparece o parcelamento do cartão de crédito, que chega a custar até 4,24% ao mês, ou 64,68% ao ano, na VIA CERTA FINANCIADORA S.A. - CFI.

As modalidades mais acessíveis para o tomador de crédito são o financiamento imobiliário e a aquisição de veículos, ou seja, modalidades que possuem menor risco para o emprestador/financiador, visto que tem o bem financiado como garantia do financiamento. É possível encontrar financiamentos imobiliários com taxas anuais inferiores a 9%, como é o caso do financiamento imobiliário com taxas reguladas – pós-fixado referenciado em TR do Banco do Brasil, com taxa anual 7,55% e taxa mensal de 0,61%, e da Caixa Econômica Federal, 0,66% ao mês, ou equivalentemente 8,21% ao ano. Também chama atenção a modalidade aquisição de outros bens – pré-fixado na Caixa Econômica Federal, cuja taxa anual ficou em 2,27% ou 0,19% ao mês.

Vide as taxas médias, máxima e mínima por modalidade de crédito:


Vide as melhores e as piores instituições financeiras por modalidade de crédito:


Taxas de juros ao mês das três melhores e três piores instituições financeiras por modalidade de crédito (quando existir):
































Maiores instituições financeiras e taxas de juros por modalidade de crédito: