quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

“A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem”. (Paracelso – Médico e físico do séc. XVI)

Fontes: Ipeadata (2010 - 2013) e Banco Central (IBC-Br 2014)


O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) aumentou, nesta quarta-feira, 21 de janeiro de 2015, em meio ponto percentual a meta da taxa Selic, pela terceira vez consecutiva (e todas elevações após as eleições), de 11,75% para 12,25% ao ano.

Aumento da taxa de juros básica em 1,25% ao ano iniciado em outubro de 2014 – ou seja, após as eleições; IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros) multiplicado por 2, indo de 1,5% para 3% sobre operações de crédito; bitributação do setor de cosméticos; aumento de tributos sobre importações (em especial PIS/Cofins); volta da CIDE (sobre a gasolina); aumento da energia elétrica em torno de 30%; ausência de correção da tabela do Imposto de Renda pela inflação, entre outras medidas com o objetivo de maior retração do que a que já vivenciamos, além de sucessivos apagões por falta de oferta.

Com a economia brasileira em recessão não consigo entender o porquê do tamanho das medidas restritivas. Se o objetivo era demonstrar uma boa perspectiva para a economia brasileira no futuro, dando sinais de responsabilidade fiscal e monetária, não aparenta que a confiança de nenhum investidor racional voltará após tantos excessos e nenhum corte na máquina administrativa, como redução de ministérios e cargos comissionados (além de medidas reais de combate a corrupção), muito pelo contrário, o que se tem visto são aumentos de gastos nos três níveis de governo, do judiciário ao legislativo (lógico que também o executivo não poderia ficar de fora da farra). O aumento dos juros está relacionado a expectativas de inflação decorrentes principalmente pelo elevado nível de consumo (a princípio e em Bancos Centrais sérios e independentes). Ora, o consumo já foi reduzido como a maior parte dos dados reais e verídicos demonstram, não existe inflação de demanda (o país está em recessão!), o que existe é escassez de oferta porque o mercado local não tem capacidade produtiva e os aumentos salariais constantes acima da inflação reduzem ainda mais a competitividade do Brasil, que ainda é um dos países mais fechados do mundo e que tem uma equipe econômica que continua acreditando que ser uma economia fechada é um bom caminho para o desenvolvimento sustentado (só pode ser muito amadorismo ou mesmo má fé). Poderia, sim, até dizer que estamos vivenciando novamente tempos de inflação inercial (os aumentos do poder judiciário provocaram um efeito cascata, sem sentido para o momento atual, e o pior é que eles mesmos é que atribuem a própria remuneração, com o dinheiro público, fica fácil assim. Quem é da iniciativa privada também gostaria de definir a própria remuneração e ter direitos vitalícios e deveres limitadíssimos. Já está no momento de mudar esta aberração!). Algumas medidas econômicas até realmente fazem sentido (como retirar subsídios da energia elétrica e transferir a conta – bem verdade a um preço absurdo – para população, tudo isso por causa da birra de querer baixar o preço da energia a força em 2012), mas, no geral, aponta-se para uma catástrofe.

Parece que o remédio já passou da conta e virou veneno! Espero que boa parte da população esteja preparada para enfrentar mais alguns anos de recessão. Ou, aos que puderem, cogitem fortemente a mudança de país enquanto tivermos comandantes como estes!

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