quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Black Wednesday?


Muitos conhecem bem o que é a Black Friday, que foi o evento criado pelo varejo nos Estados Unidos para nomear uma ação de vendas anual, onde diversas lojas promovem descontos significativos para os consumidores, na 4ª sexta-feira de novembro após o feriado de Ação de Graças.

Mas e a Black Wednesday?

A Black Wednesday refere-se à quarta-feira de 16 de setembro de 1992, ocasião em que o governo conservador britânico foi “obrigado” a tirar a libra esterlina do European Exchange Rate Mechanism (ERM), precursor do Euro, depois que o Reino Unido não conseguiu honrar com o limite de flutuação de 6% da libra esterlina em relação ao Marco alemão.

O European Exchange Rate Mechanism (ERM) foi um sistema introduzido pela Comunidade Europeia em março de 1979, como parte do Sistema Monetário Europeu [European Monetary System (EMS)], para reduzir a volatilidade da taxa de câmbio e alcançar a estabilidade monetária na Europa, em preparação para a União Econômica e Monetária de seus países membros. 

Embora não tendo aderido no primeiro momento a tal mecanismo, em outubro de 1990 o Reino Unido decidiu aderir ao European Exchange Rate Mechanism (ERM), comprometendo-se a seguir a política econômica e monetária definida, o que impediria que a taxa de câmbio entre a libra esterlina e o Marco alemão flutuasse mais de 6%. 

O problema foi que a conjura econômica daquele momento não era propícia a tal adesão. A Alemanha adotava elevada taxa de juros para conter a inflação, em virtude dos elevados gastos decorrentes da unificação entre a Alemanha Ocidental (muito forte economicamente) e a debilitada Alemanha Oriental. A inflação no Reino Unido era três vezes maior que a inflação alemã. Boa parte das exportações britânicas foram precificadas em dólar (USD) e naquela ocasião o dólar tinha sofrido rápida depreciação. Adicionalmente, os traders (operadores) de câmbio não estavam confiantes com relação ao futuro do European Exchange Rate Mechanism (ERM), principalmente após a rejeição do Tratado de Maastrich pelo eleitorado dinamarquês (não aderindo ao ERM), na primavera de 1992, e o anúncio de que também haveria um referendo na França, pressionando a desvalorização da libra esterlina.

A pressão sobre a libra esterlina era enorme e o então primeiro-ministro John Major tentou veementemente evitar a retirada do Reino Unido do European Exchange Rate Mechanism (ERM). Desta forma, o Tesouro britânico operou comprando freneticamente libras esterlinas, que eram facilmente vendidas nos mercados de câmbio, e no dia 16 de setembro de 1992 aumentou a já alta taxa de juros de 10% para 12%, com o intuito de conter os ânimos dos especuladores. Como a medida não surtiu efeito, no mesmo dia a taxa de juros foi elevada para 15%. Entretanto, os traders continuaram vendendo libras esterlinas, convencidos que o governo não conseguiria impedir que a libra esterlina caísse mais que o nível mínimo estabelecido quando da adesão ao European Exchange Rate Mechanism (ERM). Então, por volta das 19 horas daquela quarta-feira, Norman Lamont, então Chanceler, anunciou que o Reino Unido deixaria o European Exchange Rate Mechanism (ERM) e que a taxa de juros seria mantida em 12% (no entanto, a taxa de juros no dia seguinte voltaria a 10%). Este dia conhecido como Black Wednesday pode ser considerado como o dia D para que o Reino Unido não adotasse o Euro como moeda.

Vários traders aproveitaram-se da situação e acreditaram na queda da libra esterlina. Contudo, destaca-se o megainvestidor George Soros, que vendeu USD 10 bilhões em libras esterlinas a descoberto (short-selling sterling) e obteve um lucro de USD 1 bilhão (um bilhão de dólares). Por este fato, George Soros é conhecido como “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”.

Em 1997, o Tesouro do Reino Unido estimou que o custo da quarta-feira negra foi de £3,3 bilhões.

Embora muitos britânicos acreditem que a Black Wednesday tenha sido um verdadeiro desastre nacional, alguns conservadores afirmam que a expulsão forçada do European Exchange Rate Mechanism (ERM) foi na verdade uma quarta-feira de ouro (Golden Wednesday) ou uma quarta-feira branca (White Wednesday), o dia em que foi aberto o caminho para a recuperação econômica, levando ao restabelecimento do crescimento econômico, com desemprego e inflação caindo (tendo esta última começado a cair antes da quarta-feira negra).

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que esperar do mês de novembro de 2012?

A expectativa para o mês de novembro de 2012 é de alta para o IBOVESPA, recuperando pelo menos parte das perdas acumuladas em outubro (-3,56%, fechando em 57.068,18 pontos). Do período Lula até hoje (2003 em diante), a média de alta do mês de novembro é de 3,41%, com desvio-padrão de 6,37% (o que indica que existe uma alta probabilidade do IBOVESPA fechar novembro entre -2,96% e +9,78%). OBS: Atentar para suportes a 56,2k pontos e a 55,3k pontos.



Já em relação ao dólar a tendência é que ele continue se situando entre R$ 1,98 e R$ 2,08, nos próximos meses, intervalo (banda) iniciado em maio de 2012. Observando o gráfico dos últimos doze meses, verifica-se que a partir de julho de 2012 o intervalo de variação do dólar ficou ainda mais curto, mantendo-se entre R$ 2,01 e R$ 2,05. Desta forma, espera-se que ao final do mês de novembro de 2012 o dólar continue neste patamar, embora fatores externos como a eleição presidencial americana e a ausência de definição mais clara sobre a possível resolução da crise europeia suscitem dúvidas.